Balanços e resultado decepcionante do Bradesco afetam Ibovespa

10 de fevereiro de 2023

Nesta sexta-feira (10), o Ibovespa fechou o dia em uma leve subida de 0,07% a 108.078,27 pontos, totalizando um volume financeiro de R$ 25,1 bilhões de reais. Na semana, o índice teve uma queda de 0,41%. Além dos conflitos entre o governo federal e o Banco Central sobre o aumento das taxas de juros, o mercado também responde aos resultados fracos de grandes empresas na divulgação dos balanços trimestrais.

Esta semana foi marcada pelo coro crescente de críticas ao BC por parte do presidente Lula e aliados, que questionam o patamar elevado da taxa Selic e a autonomia do Banco Central. O humor piorou na quinta-feira (9), após o pronunciamento de Roberto Campos Neto, presidente do BC, sobre uma possível revisão da meta de inflação de 13,5% ante os atuais 13,25%.

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Elcio Cardozo, sócio da Matriz Capital, comenta: “ A sessão de hoje do Ibovespa está apresentando grande volatilidade, como ocorreu nos últimos dias…Estamos presenciando um cenário com muitos ruídos políticos, principalmente de ameaça à independência do Banco Central. Apesar de boa parte do mercado concordar com o Presidente Lula em relação a um exagero da atual taxa de juros no país, ameaçar a independência do Banco Central poderia ser um grande erro a ser cometido.”

A próxima semana trará dois eventos cruciais para o desenvolvimento desse debate: uma entrevista de Campos Neto, ao programa Roda Viva na segunda-feira (13), e a primeira reunião no novo governo do Conselho Monetário Nacional, responsável por definir as metas de inflação, prevista para quinta (16).

Além disso, a divulgação dos balanços financeiros do quarto trimestre tem tido um impacto de peso, com os resultados no radar do mercado. As ações do Bradesco (BBDC4) caíram 8,19% a R$ 12,69, menor nível em quase três anos nesta sexta-feira (10), após o segundo maior banco privado do país divulgar um lucro bem abaixo do esperado.

Cardozo acrescenta: “ Ontem, o Bradesco divulgou seu balanço trimestral bastante abaixo do esperado, muito influenciado pelas Lojas Americanas. O banco provisionou R$ 4,9 bilhões a menos nos resultados por ser credora neste montante da varejista. Além disso, o ROE (retorno sobre o patrimônio) do Bradesco foi de 3%, enquanto o de outros bancos foi consideravelmente maior, com destaque para o Itaú, com ROE de 18%.”

Entre as quedas, a Alpargatas (ALPA4) caiu 18,68% somente hoje para R$ 9,58, após divulgar prejuízo líquido de operações continuadas de R$ 21 milhões no quarto trimestre. O resultado é visto por analistas como pior do que o projetado e foi prejudicado por um provisionamento de R$ 6,7 milhões devido a perdas em vendas à Americanas (AMER3).

Nos Estados Unidos, os principais índices acionários tiveram grande oscilação com empresas de crescimento sob pressão depois que os rendimentos dos Treasuries ampliaram seus ganhos. Rodrigo Moliterno, especialista da Veedha Investimentos, comenta: “Os investidores estão acompanhando as falas de alguns ‘Fed boys’, que seguem reforçando o discurso de manter uma inflação baixa e a economia controlada, e com aumento de juros se for necessário”.

Na Europa, os índices tiveram um dia de baixa pressionados por um salto nos rendimentos dos títulos governamentais, conforme os investidores avaliavam as perspectivas de um aperto prolongado da política monetária global pelos principais bancos centrais, ao mesmo tempo em que uma previsão fraca da Adidas também piorou o humor do mercado.

Na Ásia, as ações da China e de Hong Kong caíram nesta sexta-feira, pesadas pelo aumento das tensões sino-americanas e pelo declínio do ânimo em relação à recuperação pós-Covid.

(Com Reuters)