Day trade: saiba se vale a pena aproveitar a volatilidade do mercado

17 de fevereiro de 2023
Getty Images

Day trade: além de comprar e vender, é preciso disciplina e estratégia

A expectativa com uma eventual mudança nas metas de inflação estabelecidas pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), que acabou não se confirmando. As críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos juros altos. A recuperação judicial da Americanas e seus impactos no preço das ações e na oferta de crédito para os varejistas. Tudo isso contribuiu para elevar a volatilidade do mercado.

Nesses momentos, aumenta o interesse dos investidores pelas operações day-trade, aquelas em que um determinado ativo financeiro é comprado e vendido no mesmo dia, de modo a lucrar com as diferenças de preço. As vantagens em relação a estratégias de prazo mais longo são a obtenção de resultados rápidos e a possibilidade potencial de operar com menos dinheiro. Ao comprar e vender no mesmo dia, o investidor não imobiliza capital.

Acompanhe em primeira mão o conteúdo do Forbes Money no Telegram

“O mercado sempre terá motivos para oscilar. Especulações acerca das Americanas, inflação, juros, política e outros eventos, se tornam extremamente lucrativas para operações day trade”, afirma Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management. Para Gonçalvez, a economia passa por um momento de recuperação e a Bolsa pode fechar o ano na casa dos 140 mil pontos. “A economia é cíclica, as vacas gordas deram lugar às magras. Passamos pela pandemia, por uma crise fiscal em 21, crise política em 22 junto com altas de juros para conter a inflação global e isso tudo vai passar”, diz.

Trajetória

Gonçalvez tem experiência no assunto. Começou a operar no mercado financeiro em 2006. A inspiração foi um funcionário da estatal em que fazia estágio. O colega acompanhava o mercado, o que atraiu a curiosidade do estagiário. “Ele disse que, para investir em ações, eu precisaria estudar muito e ter dinheiro. Dinheiro eu não tinha, mas decidi aprender”, diz.

Quando melhorou sua renda, ele separou R$ 3 mil para investir, já em 2009. Ele especulou com ações de empresas privadas, como Agrenco, Parmalat, Kepler Weber e Mundial e aumentou seu capital para R$ 15 mil. “Fiquei animado, mas logo perdi tudo”, diz. A partir daí, ele tentava reduzir os riscos. “Eu saía antes de a operação atingir todo o potencial”, diz. “O medo me impedia de extrair todo o lucro do day trade.”

Alguns anos depois, em 2015, o gestor conseguiu viver apenas do day trade. Para isso, ele concluiu, o mais importante é a preparação psicológica. “O investidor precisa saber ganhar sem se exaltar e perder sem se traumatizar”, explica. Em 2018, a Genial Investimentos, o contratou para atuar como influenciador, e em 2020 ele  recebeu um convite do BTG Pactual. Gonçalvez fundou a Box em 2021. Em um ano, o capital saiu de R$ 20 milhões para R$ 130 milhões. “Nosso objetivo é superar os R$ 300 milhões em 2023”, diz ele.

Riscos

Operar com day trade é mais arriscado do que um investimento “tradicional” em ações, em que o investidor compra os papéis e espera sua valorização ou ganha os dividendos. Segundo Ivan Barboza, sócio e gestor do Ártica Term Long Fia, a volatilidade do mercado e as características desse investimento aumentam a dificuldade. “Oscilações de preço durante o dia são bastante imprevisíveis e a existência de custos de transação reduzem, ou mesmo tornam negativo o valor esperado desse estilo de especulação”, diz ele.