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Essas notícias podem ter surpreendido boa parte dos profissionais do mercado, mas pelo menos uma pessoa já esperava um resultado assim. Segundo Nela Richardson, economista-chefe da empresa de processamento de dados americana ADP, as empresas americanas seguem contratando. “A taxa de desemprego está baixa de maneira geral, e em alguns lugares a situação é inédita”, diz ela. “Em estados como Utah, o nível de desemprego é de apenas 2%.” As empresas localizadas no estado vêm tendo muita dificuldade em contratar.
Tecnologia
Empresas de tecnologia como Google e Facebook têm anunciado cortes significativos de seu pessoal. No entanto, isso não representa um alívio para a escassez de mão-de-obra nos Estados Unidos. “As demissões no setor de tecnologia são muito visíveis, mas não afetam muito a economia como um todo”, diz a economista. Segundo ela, essas empresas são conhecidas, empregam mão de obra especializada e pagam bons salários. No entanto, não são tão relevantes em termos estatísticos. “O setor emprega cerca de 2% dos trabalhadores americanos”, diz Richardson. “Atividades como hotelaria e lazer são muito mais relevantes, e esses setores seguem contratando.” Isso pressiona a “inflação dos salários”, um dos pontos mais importantes na avaliação da economia americana.
Inflação
Como o custo da mão de obra é relevante para as empresas, isso quer dizer que a inflação seguirá elevada, apesar do aumento dos juros. Em teoria, o dinheiro mais caro desestimula as empresas a contratar e até leva algumas delas a reduzir suas equipes, o que libera trabalhadores no mercado. Porém, isso não deverá ser suficiente para reverter o quadro inflacionário.
“Melhorar a oferta de mão de obra não será um remédio milagroso para conter a inflação”, diz ela. “Há algumas distorções que vão demorar para ser resolvidas.” Um bom exemplo é o setor americano de construção civil. Intensivo em mão de obra e pesadamente dependente de trabalhadores imigrantes, o setor tem se ressentido da falta de operários. “Cerca de um terço das pessoas que trabalham com construção civil nos Estados Unidos vêm da América do Sul”, diz a economista. “A redução da imigração fez com que haja poucos trabalhadores disponíveis, o que reduz a oferta de novos imóveis e mantém os preços da moradia elevados.”