Nesta sexta-feira (17), o Ibovespa teve uma leve queda de 0,70% a 109.176,92 pontos, totalizando um volume financeiro de R$ 21 bilhões. Durante a semana, o índice subiu 1,02%. O pregão foi influenciado pelo desânimo no exterior e a falta de liquidez pré-carnaval, com o feriado esvaziando a agenda de negociações e a suspensão de atividades na B3 até a quarta-feira de cinzas (22).
O pessimismo no exterior vem dos sinais que membros do Fed (Federal Reserve), o banco central americano, vêm dando sobre um aumento nas taxas de juros. Michelle Bowman, representante do Fed, comentou nesta sexta-feira (17), que os dados recentes mostraram que a alta de juros ainda não surtiu um efeito suficientemente grande na inflação que pudesse indicar um afrouxamento no ritmo de aperto da política monetária.
Marcus Labarthe, especialista da GT Capital, explica: “Os ativos de risco voltaram a cair. O que gerou essa frustração foi um entendimento do mercado de que existe uma grande possibilidade de alta na taxa de juros nos EUA, portanto um tom mais contracionista, ou seja, juros mais altos por mais tempo.”
Apesar das declarações, porém, o especialista comentou sobre a desaceleração do ritmo de aumento dos juros nas três últimas reuniões do Fed. As elevações foram, sucessivamente, de 0,75, 0,50 e 0,25 ponto percentual. “Isso esteve impulsionando o mercado de ações, pois juros em alta costumam diminuir o apetite pela renda variável.”
Além disso, o pregão contou com um volume menor de negociações em decorrência ao feriado de carnaval, que ocorrerá no início da próxima semana (21 e 22) e suspenderá as atividades na bolsa. Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest, explica o fenômeno: “Como o mercado vai abrir lá fora na segunda e terça-feira e aqui não, o mercado interno acaba ajustando as posições para não passar todo esse tempo em alta. É uma questão mais técnica de mercado”.
Na Europa, os mercados recuam com as ações de energia e tecnologia liderando as perdas em meio a crescentes preocupações de que o Fed manterá sua trajetória de aperto monetário por mais tempo. Os juros do Banco Central Europeu provavelmente atingirão seu pico durante o verão no hemisfério norte e um corte nas taxas este ano está fora de questão, disse o formulador francês de política monetária François Villeroy de Galhau nesta tarde.
Na Ásia, as ações da China e de Hong Kong caíram pressionadas pelo setor de tecnologia, com dados econômicos fortes dos EUA reavivando preocupações do mercado de que o banco central da China possa adiar mais medidas de afrouxamento para sustentar a economia atingida pela pandemia.
(Com Reuters)