Nesta terça-feira (14), o Ibovespa teve uma queda de 0,91% a 107.848,81 pontos, totalizando um volume financeiro de R$ 23,9 bilhões. A derrocada foi influenciada pela fragilidade no pregão internacional, e decorrente ainda das críticas persistentes do governo federal com relação à postura do presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, sobre a elevação da taxa de juros.
Na noite de segunda-feira (13), Campos Neto se posicionou durante o programa Roda Viva, da TV Cultura, afirmando entender a pressa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a desaceleração na taxa Selic, destacando que o BC também não gosta de juros altos. Porém, argumentou ser difícil ter bem-estar social com inflação descontrolada, justificando a postura.
Essas falas de Campos Neto se contrapõem ao posicionamento de Lula, que manifestou a vontade de ampliar a meta de inflação em 1%, atualmente de 3,25% para 4,25%, e abaixando a taxa de juros, encerrando o ano a 12%. O embate de posicionamentos entre o governo e o Banco Central traz instabilidade e alta volatilidade para o mercado.
Rodrigo Cohen, analista da Escola de Investimentos, comenta: “Vejo com bons olhos as últimas falas de Roberto Campos Neto. Ele foi bem político ao se dizer aberto a diálogos com o governo e qualquer tipo de entendimento para que Brasil cresça, mas ao mesmo tempo foi categórico em reforçar a independência do Banco Central. “
A discussão sobre aumentos nos juros ocorre também nos Estados Unidos. Nesta tarde (14), a presidente do Federal Reserve de Dallas, Lorie Logan, afirmou que o Banco Central americano precisará continuar a elevar gradualmente a taxa básica de juros para conter a inflação, indicando aos investidores que os custos dos empréstimos podem subir mais do que o esperado.
Na Europa, os mercados acionários tiveram uma alta modesta impulsionados pelos balanços corporativos otimistas, mas reduziram a maior parte dos ganhos iniciais do pregão conforme investidores digeriram dados mistos de inflação nos Estados Unidos, que mantiveram vivas as expectativas de mais aumentos de juros pelo Federal Reserve. Já na zona do euro, dados mostraram que o emprego na região cresceu duas vezes mais do que o esperado no último trimestre, um sinal de pressões inflacionárias subjacentes maiores que podem manter os juros elevados por mais tempo.
Na Ásia, os principais índices acionários mostraram fraqueza uma vez que as tensões entre a China e os Estados Unidos restringiram o apetite por risco e limitaram os ganhos, com os investidores procurando mais evidências de que a recuperação econômica chinesa está ganhando força.
(Com Reuters)