Lucro do BB no 4º tri passa ileso pelo caso Americanas

13 de fevereiro de 2023

O Banco do Brasil foi o único dos grandes bancos brasileiros listados cujo resultado do quarto trimestre de 2022 passou ileso pelo colapso da Americanas, com lucro bem acima das expectativas do mercado.

O banco controlado pelo governo federal anunciou hoje que seu lucro recorrente de outubro a dezembro somou R$ 9 bilhões, 52,4% maior ante a mesma etapa de 2021 e acima da estimativa média de analistas ouvidos pela Refinitiv, de R$ 8,07 bilhões.

Isso, mesmo com uma provisão extraordinária de R$ 788 milhões para cobrir metade da exposição do banco à empresa que pediu recuperação judicial em janeiro.

Antes, Santander Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e BTG Pactual haviam reportado resultados recorrentes do trimestre abaixo das previsões do mercado, em grande parte devido às reservas extras por Americanas que pediu recuperação judicial.

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Cada banco, no entanto, usou uma política diferente em relação ao caso. Itaú e Bradesco provisionaram 100% da exposição à varejista. O BTG reservou o equivalente a 60% do empenhado com a empresa. O Santander não divulgou um número, mas analistas do Itaú BBA calcularam a provisão em 30%.

Mesmo com o BB tendo uma exposição menor à empresa do que Bradesco, BTG por exemplo, a provisão extra fez a reserva total do trimestre para perdas esperadas com calotes disparar 72,4% no comparativo anual, para R$ 6,53 bilhões.

De todo modo, a rentabilidade ajustada sobre o patrimônio líquido do banco evoluiu de 16,3% para 22,7% no comparativo ano a ano, a maior entre os grandes bancos.

A carteira de crédito do BB fechou o ano passado em R$ 1 trilhão, com expansão de 14,8% no ano. Isso contribuiu com um aumento de 35,5% da margem financeira líquida do banco, para R$ 14,9 bilhões.

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A última linha do resultado ainda foi beneficiada por um salto de 140,5% do resultado com a tesouraria, a R$ 10,9 bilhões. Na outra ponta, a despesa administrativa evoluiu 4,7%, em ritmo bem inferior ao das receitas com serviços, 7,9% maiores.

O índice de inadimplência acima de 90 dias subiu de 1,75% para 2,51% em 12 meses, mas também ficou abaixo dos índices registrados pelos demais bancos.

O BB projetou para 2023 um crescimento de 8% a 12% de sua carteira de crédito, despesas com provisões para calotes de R$ 19 bilhões a R$ 23 bilhões e um lucro ajustado de R$ 33 bilhões a R$ 37 bilhões.