Pré Mercado: o Copom endurece o discurso

2 de fevereiro de 2023
Adriano Machado/Reuters

Banco Central do Brasil: tom mais duro com a questão fiscal

Bom dia! Hoje é quinta-feira, 2 de fevereiro

Cenário

O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve os juros, mas alterou o discurso. Em sua reunião ontem (1) o Copom (Comitê de Política Monetária) aprovou, por unanimidade, a manutenção da taxa Selic inalterada em 13,75% ao ano. O que surpreendeu foi o tom do Comunicado divulgado após a reunião. O texto mostra claramente um cenário mais adverso.

Para o Copom, “a conjuntura, particularmente incerta no âmbito fiscal e com expectativas de inflação se distanciando da meta em horizontes mais longos, demanda maior atenção na condução da política monetária.” A consequência para o Copom é que “a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual”.

A projeção de inflação do Comitê para 2023 (que não é a mesma do mercado, expressa no Relatório Focus) subiu para 5,4%, ante os 5,0% da reunião anterior, realizada em dezembro de 2022. A inflação prevista para 2024 avançou para 3,4%, ante os 3,0% da reunião anterior.

No caso dos preços administrados, que incluem tarifas de serviços públicos, a projeção de inflação para 2023 subiu de 9,1% para 10,6%. A projeção para 2024 avançou de 4,2% para 5,0%. A projeção de inflação acumulada em 12 meses no período móvel de seis trimestres à frente avançou de 3,3% para 3,6%.

Acompanhe em primeira mão o conteúdo do Forbes Money no Telegram

O Copom não foi o único a se reunir. Ontem, o Fed (Federal Reserve), o banco central americano, também confirmou as expectativas do mercado e elevou os juros nos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 4,50% e 4,75% ao ano.

Esse movimento já era esperado. Porém, uma leve mudança de tom na tradicional entrevista coletiva concedida após a reunião por Jerome Powell, presidente do Fed, aumentou as expectativas que o Fed deverá desacelerar a alta dos juros, o que animou as ações.

Perspectivas

O tom mais duro do Comunicado do Copom deverá provocar alguns ajustes no mercado hoje, com elevação dos juros. Paralelamente, o tom mais ameno do Fed pode levar a uma queda do dólar. Com juros potencialmente mais altos no Brasil e subindo potencialmente menos nos Estados Unidos, cresce a atratividade do dólar entre os investidores.

Na Europa, o BCE (Banco Central Europeu), referente à Zona do Euro, e o Banco da Inglaterra deverão anunciar suas decisões de política monetária. A expectativa é que os juros ingleses subam dos atuais 3,50% para 4,% ao ano, e que os juros da Zona do Euro subam de 2,50% para 3%.

No cenário corporativo, a Oi (OIBR3) divulgou, na manhã de hoje, um fato relevante em que informa ter enviado à 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro um pedido de tutela de urgência cautelar “em segredo de justiça (…) para suspensão da exigibilidade de certas obrigações assumidas pela Companhia, visando a proteção do seu caixa, e, consequentemente, a continuidade das negociações com os seus credores de forma equilibrada e transparente.” O pedido foi interpretado como uma preparação para uma nova Recuperação Judicial (RJ). A Oi superou sua primeira RJ há pouco mais de um mês.

Indicadores

Brasil
– Índice de Preços ao Consumidor (Fipe)
4ª quadrissemana de janeiro: 0,63%
3ª quadrissemana de janeiro: 0,69%
4ª quadrissemana de dezembro: 0,54%

Estados Unidos
– Pedidos iniciais de seguro-desemprego
Projeção: 200 mil (semana até 28/01)
Anterior: 186 mil (semana até 21/01)