Taxa de desemprego cai a 7,9% no quarto trimestre

28 de fevereiro de 2023
REUTERS/Amanda Perobelli

A taxa média anual de desemprego foi de 9,3% em 2022, menor patamar desde 2015

O Brasil encerrou o quarto trimestre de 2022 com recuo da taxa de desemprego, com a média anual caindo ao menor nível desde 2015, consolidando uma tendência de recuperação do mercado do trabalho após o impacto da pandemia, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) hoje (28).

A pesquisa Pnad Contínua mostrou que a taxa de desemprego atingiu 7,9% nos três meses até dezembro, de 8,7% no terceiro trimestre e 8,1% no trimestre até novembro.

O resultado, que ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de taxa de 8,0%, é o melhor para os últimos três meses do ano desde o quarto trimestre de 2014.

Já a taxa média anual de desemprego foi de 9,3% em 2022, menor patamar desde 2015. Segundo o IBGE, isso mostra que o mercado de trabalho não apenas confirmou a tendência de recuperação após o impacto da Covid-19, como ultrapassou o patamar pré-pandemia.

“Chegamos ao fim de 2022 com uma reversão no quadro depois dos efeitos da pandemia”, disse Adriana Beringuy, coordenadora de trabalho e rendimento do IBGE, embora tenha citado uma queda na procura por trabalho no último trimestre, refletindo tendência sazonal no período de festas de fim de ano.

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No quarto trimestre, o número de pessoas desempregadas no Brasil era de 8,572 milhões, uma queda de 9,4% em relação aos três meses até setembro e de 28,6% sobre o ano anterior.

Por outro lado, o total de ocupados aumentou apenas 0,1% na comparação trimestral, taxa que o IBGE considera como estabilidade, a 99,370 milhões, com avanço de 3,8% sobre o quarto trimestre de 2021.

“A ocupação vem fora daquilo que era esperado e a última vez que ela ficou estável foi lá em 2015. Mas não podemos deixar de considerar que a ocupação vinha de expansões expressivas em trimestres anteriores de 2022”, disse Beringuy.

Os trabalhadores com carteira assinada no setor privado aumentaram 1,6% no quarto trimestre sobre os três meses imadiamente anteriores, chegando a 36,858 milhões.

Já os que não tinham carteira aumentaram 0,2%, passando a 13,236 milhões no trimestre encerrado em dezembro de 2022.

No período, a renda média real foi de 2.808 reais, um aumento de 1,9% em relação ao trimestre encerrado em setembro e um ganho de 8,3% quando comparada ao mesmo trimestre do ano anterior.

Apesar de a taxa de desemprego estar caindo, os efeitos defasados do aumento da taxa de juros em um momento de esperada desaceleração econômica podem pesar no mercado de trabalho em 2023.

“A perda de fôlego da economia já começou a impactar o mercado de trabalho. Setores como comércio e indústria já acusaram essa desaceleração e acreditamos que esse movimento chegará também ao de serviços”, disse Claudia Moreno, economista do C6 Bank.

No agrupamento por setores da economia, Beringuy, do IBGE, destacou a queda de 0,2% sobre o terceiro trimestre na ocupação do setor de comércio, o equivalente à redução de 45 mil pessoas, e a perda de 1,1% no setor de outros serviços, ou 59 mil trabalhadores a menos.

“Esse comportamento setorial reflete renda das famílias e crédito que estavam em condições menos favoráveis”, avaliou a coordenadora. “A própria conjuntura com juros mais altos, crédito mais caro e endividamento das famílias pode também ter afetado nas contratações do comércio e do varejo, que costumam elevar as contratações no fim do ano.”

O Banco Central interrompeu no ano passado um longo e intenso ciclo de aperto monetário que, em sua batalha para controlar a alta dos preços e segurar as expectativas de inflação, elevou a taxa básica de juros do menor nível histórico de 2% para o nível atual de 13,75%.