Hoje tudo parece simples, mas não foi. Na época, ela precisou tirar um ano sabático forçado, tanto para pensar em quais seriam seus próximos passos quanto para auxiliar no tratamento de seu pai. Durante o período de tratamento, ela percebeu que muitas situações que tiravam seu pai do meio do pantanal, na cidade de Corumbá, em Mato Grosso do Sul, para consultas, poderiam ser resolvidas por telemedicina.
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Em uma das conversas com especialistas do mercado e médicos, ela recebeu uma dica para pensar de forma mais focada em psicologia e não em medicina como um todo. “Acho que aquele foi o dia um da Vittude, quando a minha cabeça abriu para a possibilidade de pensar nessa área”, diz Pimenta. “Eu fazia terapia há quatro anos e gastava em torno de duas horas para conseguir ir até o consultório e nunca pensei em como seria fazer aquele processo online.”
No momento, ela conta que se conectou com a sua experiência de paciente, na qual teve dificuldade de achar um profissional qualificado pelo caderno do convênio. Lá ela não encontrava o currículo do médico, sua formação e nem avaliações sobre o serviço, coisas que faziam falta para escolher a pessoa certa.
Desafios no caminho
Assim nasceu a Vittude. Mas o desafio só estava no começo. Pimenta não entendia de tecnologia, não sabia nada de psicologia e tinha pouca noção sobre o que era empreender na realidade. A questão financeira também foi bastante difícil para ela. “Ver o dinheiro acabando era desesperador”, lembra a empreendedora.
“Quando eu decidi ficar sem trabalhar, eu tinha dinheiro guardado para me segurar por um ano e meio, no máximo dois. Mas eu fiquei três anos sem ter salário”, diz Pimenta. “No pior momento eu precisei alugar o meu quarto em um apartamento dividido com mais duas amigas e ir morar de favor na casa de outros amigos, para conseguir me manter.”
Já em uma fase mais desenvolvida, a procura por investimento também trouxe muita angústia para a fundadora. Ela foi em diversos fundos, conversou com muitas pessoas, até grupo de mulheres investidoras e recebeu uma grande quantidade de nãos. Foi quando ela pensou em desistir.
“Eu já estava com todas as contas no vermelho e parecia que eu era a única maluca que acreditava que aquele negócio poderia parar de pé, então pensei em desistir”, afirma Pimenta.
Essa foi a força que ela e o sócio precisavam para começar a acreditar ainda mais no negócio. Em pouco tempo, eles receberam mais R$ 150 mil de uma empresa que já era parceira no desenvolvimento de software.
Nova era da Vittude
Em 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que burnout seria considerada uma doença de trabalho em 2022, o que trouxe uma nova possibilidade de mercado para a empresa.
Na época, a Vittude era cliente da RD Station, que estava pensando em desenvolver um área de saúde para seus colaboradores. “Nós desenvolvemos um piloto para 20 funcionários da companhia, que adoraram o serviço e conseguimos ampliar para o restante da companhia”, diz Pimenta. “Com esse contrato na mão, nós voltamos a captar novos investimentos.”
Nesse período, grandes nomes como O Boticário passaram a fazer parte do portfólio, agregando 24 mil vidas ao cuidado da Vittude, que antes tinha apenas 3 mil vidas sob gestão.
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Em 2021, a empresa já pensava em uma nova rodada de investimentos pelo tamanho que a empresa ganhou e conseguiu levantar mais R$ 35 milhões na Série A, totalizando os R$ 40 milhões que receberam até hoje.
Pensando nesse cenário, Pimenta hoje também investe em empresas com fundadores mulheres, por ter sentido falta de apoio durante a sua jornada.
“O que eu mais sinto falta até hoje é não poder contar com as mulheres na jornada, mas espero que as novas gerações tenham o apoio que eu não tive e vou batalhar para atingir isso”, diz a empresária.