Temor com cenário fiscal faz Ibovespa recuar a 100 mil pontos

20 de março de 2023

Nesta segunda-feira (20), o Ibovespa teve uma baixa de 1,04% a 100.922,89 pontos, renovando as mínimas de 2023, totalizando um volume financeiro de R$ 19 bilhões. O mercado segue no aguardo do pronunciamento do novo arcabouço fiscal, diante das declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmando que os programas sociais não deveriam ser contabilizados como gastos governamentais, e defendendo o uso dos bancos públicos para a oferta de crédito e o financiamento do desenvolvimento do país.

Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que Lula orientou que os membros do governo façam reuniões com os presidentes da Câmara e do Senado, líderes partidários e economistas de fora do mercado antes da apresentação oficial. Ainda assim, o ministro afirmou que torce para que o texto seja apresentado ainda nesta semana, antes da viagem do presidente e ministros à China, que embarcarão nesta sexta-feira (24).

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Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos, diz: “Ibovespa caiu hoje, e o principal fator por trás disso é o temor em relação ao novo arcabouço fiscal. O mercado não sabe quando nem como vai vir o arcabouço, então hoje vemos um estresse dos investidores em torno desse assunto, que tem gerado ansiedade no mercado. Se vai ser furado o teto de gastos, se não vai, como é que isso vai ser vai ser feito. São diversas indefinições”.

Entre os destaques, a seguradora de saúde Hapvida (HAPV3) liderou as perdas do pregão, caindo 8,02% a R$ 2,18, conforme persistem preocupações sobre a solvência da companhia e a possibilidade de um aumento de capital via emissão de ações nos níveis atuais.

Na pesquisa do Boletim Focus divulgada hoje (20), a projeção para o IPCA em 2023, principal termômetro da inflação, caiu levemente para 5,95% ante os 5,96% da semana passada. A taxa Selic esperada permaneceu em 12,75%, mesmo valor da pesquisa anterior. A projeção para o câmbio ficou estável em R$ 5,25. E a estimativa para o PIB (Produto Interno Bruto) foi de 0,88% para este ano, ante 0,89% da semana passada.

Nos Estados Unidos, os maiores índices de Wall Street subiram com o resgate do banco Credit Suisse ajudando a acalmar o nervosismo em torno de uma crise bancária maior, enquanto os investidores avaliavam as chances de o Federal Reserve interromper os aumentos de juros nesta semana. Operadores aumentaram as apostas de que o Fed (Federal Reserve) provavelmente fará uma pausa nos aumentos dos juros na quarta-feira (22) para garantir a estabilidade financeira, com o colapso do Silicon Valley Bank e do Signature Bank ameaçarem virar uma bola de neve.

Na Europa, os índices acionários reverteram fortes perdas iniciais após o impacto da recuperação dos papéis do setor bancário dos menores patamares em três meses provocadas pelo acordo do UBS para comprar o Credit Suisse por uma fração de seu valor de mercado. As ações no setor bancário subiram 1,3% depois que a aquisição do Credit Suisse pelo UBS Group, com apoio estatal, parecendo encerrar uma fonte de preocupação para o setor bancário global.

Na Ásia, as ações de Hong Kong caíram para uma mínima de três meses lideradas por ações de bancos, uma vez que a aquisição orquestrada pelo governo do Credit Suisse pelo UBS não conseguiu aliviar as preocupações do mercado quanto ao risco de contágio. As ações da China também terminaram em baixa, anulando os ganhos anteriores, apesar das novas medidas de flexibilização monetária de Pequim para apoiar o crescimento econômico.

(Com Reuters)