Nesta segunda-feira (27), o Ibovespa subiu 0,85% a 99.670,47 pontos, totalizando um volume financeiro de R$ 21,3 bilhões. O pregão foi apoiado pela força dos mercados no exterior, depois que um acordo de compra dos depósitos e empréstimos do SVB (Silicon Valley Bank) acalmou o nervosismo com o estresse no setor bancário. Mesmo assim, nem no melhor momento do dia o índice conseguiu retornar à “marca psicológica” de 100 mil pontos. Com a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a China adiada por motivos de saúde, o mercado voltou a aguardar ansiosamente pela divulgação do novo arcabouço fiscal.
A venda do Silicon Valley Bank para um concorrente regional americano ajudou a estabilizar as ações de bancos europeus. Na semana passada, o setor foi atingido por preocupações sobre uma possível crise sistêmica. O First Citizens BancShares comprou todos os empréstimos e depósitos do SVB e deu ao FDIC (Federal Deposit Insurance Corp) direitos de participação em ações no valor de até US$ 500 milhões em troca, informou a entidade em comunicado.
No Brasil, está prevista para amanhã (28) a divulgação da Ata da reunião mais recente do Copom (Comitê de Política Monetária). O texto é aguardado ansiosamente pelo mercado. Na semana passada, o Copom manteve inalterada em 13,75% ao ano a taxa referencial Selic. No Comunicado divulgado após a reunião, o Comitê não descartou a hipótese de um aumento nos juros caso a inflação não fosse controlada.
Segundo Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos, “apesar do otimismo com a divulgação, a bolsa segue sem força para ficar acima de 100 mil pontos. Precisamos de novidades sobre a questão fiscal e de juros mais baixos para ver a bolsa subir, o que só deve vir a ocorrer em um cenário de inflação mais controlada. Enquanto tivermos juros altos, dificilmente o Ibovespa irá deslanchar”.
No Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (27), a perspectiva do IPCA em 2023 baixou para 5,93%, ante os 5,95% estimados na semana anterior. Esse foi o segundo ajuste para baixo na conta para a inflação depois de uma leitura estável no início de março, que se seguiu a uma sequência de dez elevações consecutivas. Para a taxa Selic, a projeção é de que encerre 2023 em 12,75%, e 2024 em 10%. Para o Produto Interno Bruto (PIB), a estimativa de crescimento este ano melhorou marginalmente a 0,90%, de 0,88% na semana anterior.
Entre as altas, a petroleira PRIO (PRIO3) e a Raízen (RAIZ4) avançavam, respectivamente, 4,43% a R$ 31,62 e 4,15% a R$ 2.510. A Raízen operava em seu segundo pregão de recuperação, após atingir mínimas históricas na última quinta-feira (23). O JPMorgan reiterou recomendação “overweight” para os papéis, citando valuation, mas cortou previsão para o Ebitda e citou falta de gatilhos no curto prazo. Liderando as baixas, a agência de turismo CVC (CVCB3) caiu 5,43% a R$ 2,96.
No Exterior
Nos Estados Unidos, os principais índices de Wall Street tiveram um dia de alta depois do acordo de compra dos depósitos e empréstimos do Silicon Valley Bank. As ações do First Citizens subiam 44,7%, enquanto as do First Republic Bank tinham alta de 27% após uma reportagem relatar que as autoridades norte-americanas estão avaliando mais apoio aos bancos, o que pode dar ao credor regional mais tempo para reforçar seu balanço.
Na Ásia, as ações da China e de Hong Kong caíram influenciadas pelas empresas estatais chinesas e papéis de tecnologia, com a queda do lucro industrial da China e as tensões geopolíticas prejudicando o sentimento. Os lucros das empresas industriais na China tiveram queda de 22,9% nos primeiros dois meses de 2023 em relação ao ano anterior, uma vez que o setor tem dificuldades para sair da crise causada pelas interrupções relacionadas à Covid-19.
(Com Reuters)