Em seus primeiros comentários públicos desde as medidas adotadas com outros reguladores para assegurar os depósitos no Silicon Valley Bank e Signature Bank, que quebraram, Yellen foi pressionada em audiência no Comitê de Finanças do Senado dos EUA a esclarecer se isso significa que todos os depósitos sem seguro estão agora garantidos.
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Seu comentário foi a primeira indicação explícita das opiniões dos reguladores sobre os limites da garantia extraordinária do fim de semana, que garantiu que dezenas de bilhões em depósitos não segurados no Vale do Silício e na Signature não fossem perdidos.
Antes dessa troca, Yellen havia elogiado as medidas de emergência “decisivas e enérgicas” tomadas no domingo, dizendo que ajudaram a restaurar a confiança dos depositantes e impediram uma corrida mais ampla aos bancos.
“Posso assegurar aos membros do comitê que nosso sistema bancário permanece sólido e que os americanos podem se sentir confiantes de que seus depósitos estarão lá para quando precisarem deles”, disse Yellen.
Mas ficou claro que o limite de US$ 250 mil por correntista no seguro FDIC (fundo federal garantidor de depósitos) permaneceu em vigor e que qualquer falha futura precisaria representar riscos semelhantes aos vistos no Silicon Valley Bank e no Signature Bank.
Nesses casos, disse ela, “as chances de contágio de outros bancos serem considerados inseguros e sofrerem com perda de dinheiro pareciam extremamente altas e as consequências seriam muito graves”.
Falha em antecipar problemas
A audiência, previamente agendada para discutir a proposta orçamentária do governo Biden, ofereceu os primeiros comentários por um membro do grupo de supervisores bancários que organizou o resgate após a falência do Silicon Valley Bank na última sexta-feira. O Signature Bank foi fechado por reguladores no fim de semana.
As medidas de emergência se estenderam além do apoio aos correntistas, incluindo melhorias para a liquidez do setor bancário ancorada pelo Fed. As ações foram recebidas tanto com alívio como com espanto no Congresso dos EUA, onde os democratas controlam o Senado e os republicanos controlam a Câmara dos Deputados.
Vários senadores lamentaram o fracasso dos reguladores em reconhecer as vulnerabilidades e exigir mudanças antes que os bancos entrassem em colapso de forma repentina.
Mas Yellen disse que a inflação ainda é o “problema econômico número um” para os Estados Unidos e reduzi-la é a principal prioridade do presidente Joe Biden, acrescentando que o Fed precisa “fazer sua parte” nesse esforço.
Foco em estabilidade
“Havia um risco de liquidez nessa situação”, disse Yellen ao comitê. “Haverá uma análise cuidadosa de o que aconteceu no banco e o que iniciou esse problema, mas, claramente, a ruína do banco, a razão pela qual ele teve que ser fechado, foi que ele não conseguiu atender aos pedidos de saque dos depositantes.”
Yellen não fez nenhuma referência nos comentários preparados à situação em torno do Credit Suisse, que viu suas ações despencarem na quarta-feira antes que os reguladores suíços prometessem uma tábua de salvação de até US$ 54 bilhões para o banco.
Yellen disse que os testes de estresse regulares para os bancos dos EUA podem ajudar a identificar problemas potenciais, mas os testes de estresse de supervisão agora testam deficiências de capital, não problemas de liquidez.
“Mas, por enquanto, gostaria de ver restaurada a confiança na solidez dos bancos norte-americanos.”