Qual o risco de usar o ChatGPT para planejar seus investimentos?

14 de março de 2023
NurPhoto/Getty Images

Na visão da especialista, algumas informações encontradas na ferramenta também não estão alinhadas com os perfis de investidor

O ChatGPT, sistema conversacional da OpenAI, deu o que falar nos últimos meses e levantou diversas hipóteses sobre o seu uso e também suas consequências. No mundo dos investimentos, a situação não foi diferente.

Apesar da ferramenta de Inteligência Artificial não dar recomendações específicas de investimentos, ela responde às perguntas sobre o assunto, que podem ajudar os iniciantes a entrar nesse mundo. Porém, é preciso entender como interpretar essas informações.

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Pensando nisso, a Forbes conversou com a sócia da HCI Invest e planejadora financeira CFP® pela Planejar, Wanessa Guimarães, que deu algumas dicas sobre como usar a tecnologia e alertou quais são os seus riscos para os investidores.

Para ela, um ponto muito importante é lembrar que o cenário importa muito na hora de investir seu dinheiro. Assim, ela diz que é preciso alinhar alguns pilares antes de aportar dinheiro, como definir o perfil do investidor, os seus objetivos, liquidez e além de tudo, o cenário econômico atual ou futuro, que muda de forma rápida.

“O fato de o ChatGPT trabalhar com uma base de dados alimentada até o ano de 2021 pode gerar uma orientação desalinhada com o cenário econômico atual, trazendo recomendações diferentes das necessárias para o momento que vivemos”, diz Guimarães.

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Em sua visão, algumas informações encontradas na ferramenta também não estão alinhadas com os perfis de investidor. Para entender o processo, a planejadora financeira pediu a ferramenta que elencasse ativos para a construção de uma carteira de investimentos conservadora.

Segundo ela, a resposta trouxe dois ativos, os fundos multimercados e de dividendos, que podem ser correlacionados à renda variável, dependendo de seu intuito, o que sai da proposta que os investidores conservadores procuram. “Uma orientação indevida pode levar o cliente a ter perdas com um cenário de volatilidade ou fazer escolhas desalinhadas com seu perfil de investidor”, explica.

Por fim, Guimarães acredita que boa parte do sucesso nos investimentos é proveniente de um bom planejamento financeiro. Com isso, será possível entender qual é a necessidade de cada investidor baseada em seus ganhos e perspectivas futuras, além de entender a periodicidade dos aportes e também o seu valor.

“Além dessas informações, precisamos calcular as taxas projetadas de inflação e juros futuros para garantir que o cliente consiga atingir a acumulação de patrimônio necessária”, afirma ela. “A ferramenta, apesar de ser inovadora, não consegue fornecer essas informações de forma segura aos usuários podendo gerar uma frustração em seus planos, impactar em perdas patrimoniais em ativos de risco ou não obter a rentabilidade necessária para seus investimentos.”

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Em geral, a melhor opção é sempre estudar sobre o assunto antes de entrar de cabeça e procurar por um especialista em finanças, como a própria ferramenta indica no fim de todas as questões sobre o tema.