Fundada em 2016, a plataforma de Yochabell pode ser descrita como o “The Voice” do departamento de RH – uma referência ao reality show de canto, onde os juízes inicialmente não veem o competidor. A plataforma permite que os candidatos enviem suas informações e currículos, mas detalhes como gênero e raça são omitidos – os recrutadores conhecem apenas as habilidades do candidato.
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Com uma carteira de clientes que inclui nomes como a consultoria Accenture e o grupo farmacêutico Novo Nordisk, a empresa atua no Brasil e em alguns mercados da América Latina, como Colômbia, México e Chile. A startup está agora em um processo de pouso para entrar no mercado dos EUA, apoiada por um programa internacional de intercâmbio e retenção de talentos criado pela empresa de capital de risco IDL Ventures.
“Buscamos reduzir vieses inconscientes nas tomadas de decisão [de recrutamento] de forma mais eficiente, garantindo mais diversidade, inclusão e alinhamento com as leis de recrutamento dos Estados Unidos. O foco é ajudar as organizações a reduzir seus custos com processos seletivos, atrair talentos e, consequentemente, ter mais diversidade nas contratações por meio de nosso modelo de entrevista anônima em vídeo”, disse Yochabell em entrevista à Forbes.
A empresa afirma reduzir os custos de contratação em cerca de 80% e aumentar a diversidade no recrutamento em 70%, tendo facilitado mais de 200 mil entrevistas com candidatos de grupos sub-representados somente no Brasil desde a sua criação. A meta é aumentar o número para 1 milhão em um ano.
Investimentos e estratégia para o futuro
Aproximadamente 30% de uma rodada inicial de R$ 4 milhões (US$ 760 mil) recentemente levantada pela startup brasileira irá para o processo de expansão nos Estados Unidos, enquanto o restante irá para a comercialização e melhoria do produto. O ex-presidente do Banco Central, Fraga, e o economista Daniel Gleizer, outro ex-diretor do Banco Central e atual investidor, lideraram o investimento e estão otimistas com a expansão e os planos da startup.
“A estratégia do Jobecam converge com a minha visão de construir um país mais igualitário do ponto de vista socioeconômico. Para melhorar nossa realidade desafiadora, precisamos dar mais atenção às questões de raça, gênero e sexualidade. E acredito no diferencial da Jobecam para nos ajudar a avançar nessa agenda”, disse Fraga.
Segundo Yochabell, o objetivo inicial nos EUA é impulsionar a adoção da ferramenta para admissão de estudantes universitários. A empresa já tem um cliente nos Estados Unidos e espera que o negócio se auto ajuste no curto prazo. No entanto, a startup está estruturando uma rodada ponte de cerca de US$ 2 milhões nos EUA e já está em negociações com investidores.
Sobre o futuro da Jobecam no curto prazo, a fundadora destaca que o Brasil continua sendo um mercado atraente, mas precisa evoluir muito na frente de diversidade e inclusão. Por exemplo, de acordo com Yochabell, o tokenismo – a prática de fazer apenas um esforço superficial ou simbólico para ser inclusivo para membros de grupos minoritários – ainda é um tema em muitas empresas. Outros acreditam que o método de entrevista anônima ajudará a esconder preconceitos.
“Acredito que entrando no mercado americano, vamos ganhar mais força e conseguir aumentar o conhecimento corporativo no Brasil de uma forma mais robusta.” (Traduzido por Vitória Fernandes)
Angelica Mari é jornalista sênior e comentarista que cobre o espaço de tecnologia e inovação em português e inglês há duas décadas.