Dólar cai abaixo de R$ 5,00 com inflação nos EUA; bolsa sustenta alta

12 de abril de 2023

O movimento do mercado hoje (12) foi marcado pela reação dos investidores à inflação americana abaixo do esperado. Pela primeira vez desde 10 de junho de 2022, o dólar fechou abaixo do “nível psicológico” de R$ 5,00. O real segue se apreciando ante a moeda americana, e fechou a R$ 4,94, queda de 1,31% e na menor cotação desde 9 de junho de 2022. Na semana, a moeda americana recuou 2,3%.

O CPI (Consumer Price Index) de março indicou uma inflação ao consumidor americano de 0,1% em maio, abaixo do consenso, que oscilava ao redor de 0,3%. A inflação acumulada em 12 meses caiu para 5%, baixa de um ponto percentual ante os 6% acumulados nos 12 meses até fevereiro.

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Com isso, aumentaram as expectativas dos investidores de que o Fed (Federal Reserve), o banco central americano, poderá sinalizar antes do esperado uma interrupção na trajetória de alta dos juros nos Estados Unidos. Na reunião mais recente, realizada nos dias 21 e 22 de março, o Fed elevou os juros referenciais em 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 4,75% e 5% ao ano. Até antes da divulgação da inflação, a expectativa do mercado era de mais uma elevação desse porte. Porém, a desaceleração na alta dos preços pode alterar essa trajetória.

Tudo isso influenciou os preços dos ativos financeiros. O Ibovespa sustentou a valorização de 4,29% da véspera e fechou com alta de 0,64% aos 106.890 pontos, após oscilar entre 106.216 e 108.277 pontos. O volume financeiro do dia foi de R$ 59,8 bilhões.

Segundo Idean Alves, da Ação Brasil Investimentos: “o Ibovespa sobe após a inflação ao consumidor, o CPI dos EUA, desacelerar antes do esperado, indicando que o fim do ciclo de alta de juros pode estar próximo”. Para os próximos passos do Federal Reserve, o especialista afirma: “parece que a próxima alta de 25 p.p deve ser a última do ciclo”.

No Brasil, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a inflação no país caiu, baseado no dado do IPCA divulgado ontem, mas que as pressões permanecem em meio a um componente de demanda “relativamente forte”. O comentário contrariou as expectativas pelo adiantamento do final do aperto monetário.

Campos Neto afirmou que entre novembro de 2022 e janeiro deste ano o mercado vinha prevendo novos aumentos na taxa Selic, mas essa visão mudou a partir de fevereiro, com expectativa de corte da taxa básica em um horizonte de seis meses. Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano, nível mais alto desde o início de 2017.

Entre os destaques do dia, a Ecorodovias (ECOR3) e o Banco do Brasil (BBAS3) subiram, respectivamente, 7,54% a R$ 6,42 e 6,96% a R$ 42,72. Na ponta negativa, os papéis do Carrefour (CRFB3) e da Vale (VALE3) caíram 3,60% a R$ 11,53 e 2,14% a R$ 80,60.

No Exterior

Nos Estados Unidos, os principais índices de Wall Street recuaram após a ata do Federal Reserve sobre os dados da inflação americana. O dado aumentou as expectativas de que o Fed poderia fazer uma pausa em seu ciclo de alta da taxa de juros em breve, mas a instituição não garantiu.

Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest, diz: “vale destacar também que a ata do Fed divulgada nesta tarde reforçou uma preocupação com o avanço da inflação, e também com a recente questão bancária nos Estados Unidos. Isso trouxe uma certa dúvida se realmente haverá mesmo uma pausa nas altas de juros”.

Na Europa, as ações blue chip atingiram seu nível mais alto em 22 anos, com investidores em busca de papéis de qualidade de megacapitalização e avaliando se o Federal Reserve poderia interromper seus aumentos de juros após evidências de arrefecimento da inflação nos EUA.

Na Ásia, as ações de Hong Kong fecharam em baixa com o aumento das tensões sino-americanas prejudicando as negociações, e as ações da China tiveram desempenho misto.

(Com Reuters)