“Tudo o que faço é algo em que acredito. Não me permito duvidar, de verdade, e estou tentando tornar isso contagioso”, diz Dominika, de 45 anos. Ela se mudou para Londres há sete anos, três anos depois de pedir divórcio do príncipe polonês Jan Lubomirski-Lanckoroński, com quem estava casada há uma década. Em 2020, ela comprou uma casa de US$ 75 milhões (R$ 372 milhões) e 7.620 metros quadrados perto da Harrods.
Durante a maior parte de sua vida adulta, sua paixão foi os documentários – ela produziu mais de 70 deles, com títulos como Accused of Witchcraft (2017), Begging for Change (2019) e Fighting for Mercy (2023). Mas não a confunda com alguém que vive suas paixões como passatempo. Enquanto mais da metade das 337 bilionárias do mundo herdaram suas fortunas, apenas Dominika e mais 62 delas estão aumentando ativamente essas riquezas (veja mais abaixo).
Mas a morte repentina de seu pai devido a complicações de uma pequena cirurgia cardíaca desencadeou uma cadeia de eventos que a levou a se separar de seu irmão e dobrar o negócio de energia renovável da família, a Polenergia. “Sou uma pessoa que acredita que energia é tudo o que existe”, diz ela sobre sua decisão. “Tudo é energia.”
O valor das ações da Polenergia, uma produtora independente de eletricidade com capital aberto, quase quadruplicou desde a entrada de Dominika. Hoje a empresa vale US$ 1,2 bilhão (R$ 5,95 bilhões) em bolsa e Dominika possui 43% do capital.
A empresa acaba de inaugurar o segundo maior parque eólico da Polônia, fornecendo energia suficiente para 183 mil residências – momento perfeito, dada a busca frenética da Europa por alternativas ao petróleo e gás russos. Hoje, Dominika vale cerca de US$ 1,9 bilhão (R$ 9,42 bilhões). Isso está abaixo de seu pico de US$ 2,1 bilhões (R$ 10,42 bilhões) em 2021, mas US$ 500 milhões (R$ 2,5 bilhões) acima da fortuna de seu irmão Sebastian, que não falou com a Forbes.
“Lembro que fiquei tão brava! Eu estava gritando como uma louca”, diz Dominika. “Minha intuição dizia: ‘Querida, você tem que parar [uma possível venda]! Este é o seu futuro.”
Embora os irmãos fossem tecnicamente coproprietários da Kulczyk Investments, Sebastian, 43, administrava a empresa desde 2013, dois anos antes da morte do pai. Dominika recebeu um assento no conselho consultivo, mas diz que não tinha permissão para comparecer às reuniões ou “falar de negócios” da mesma forma que Sebastian.
“De alguma forma, aceitei que não tinha chance de co-criar o que era meu até aquele momento”, diz ela. Determinada a salvar a Polenergia, ela fez um acordo com seu irmão. Em vez de dividir tudo 50/50, ela ficaria com a participação na Polenergia, quase sem valor na época, e Sebastian ficaria com o restante do portfólio da Kulczyk Investments, que incluía participações no grupo químico polonês Ciech e na petrolífera Serinus Energy.
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A Polenergia era um risco enorme, mas Dominika tinha uma enorme rede de segurança: os US$ 1,4 bilhão (R$ 6,94 bilhões) que recebeu da venda da participação de 3% da sua família na gigante cervejeira sul-africana SABMiller, em 2016, que ainda constitui a maior parte de sua fortuna.
Apertando o cinto, a Polenergia conseguiu se manter funcionando. Mas suas ações haviam desabado e logo em seguida surgiu outro desafio. Em maio de 2018, a gigante estatal de energia Polska Grupa Energetyczna (PGE) se ofereceu para comprar a empresa por cerca de US$ 170 milhões (R$ 843,25 milhões). Fazia sentido para os investidores e a ação disparou. Mas determinada a manter o controle, Dominika reagiu com uma oferta mais alta que avaliou a empresa em US$ 250 milhões (R$ 1,24 bilhão). A PGE recuou.
Ainda assim, ela sabia que não poderia continuar comprando ações para evitar problemas. Então, pegou uma página do manual de seu pai e trouxe um parceiro que era “maior e melhor” do que a Polenergia. Em fevereiro de 2021, ela vendeu uma participação de 23% para a Brookfield Renewable Partners, uma subsidiária da Brookfield Asset Management do bilionário canadense Bruce Flatt, por US$ 175 milhões (R$ 868 milhões). Mais tarde, Brookfield comprou outros 9%.
Dois parques eólicos gigantes que estão sendo desenvolvidos no Mar Báltico, em sociedade com a gigante de energia norueguesa Equinor, que faturou US$ 150 bilhões em 2022. O projeto, que deve entrar em operação em breve, terá custado cerca de US$ 4 bilhões (R$ 20 bilhões) aos dois sócios e vai gerar energia equivalente a 10 mil barris de petróleo russo por dia. Um terceiro parque eólico offshore ainda maior, que terá o dobro dessa capacidade, está em obras, mas ainda não tem data para ser concluído.
De uma perspectiva puramente econômica, a guerra na Ucrânia tem tido consequências boas e ruins para a Polenergia. Por um lado, a demanda por energia alternativa na Europa aumentou significativamente. Por outro, a empresa diz que perdeu cerca de US$ 50 milhões (R$ 248 milhões) em receita no ano passado devido à volatilidade dos preços da energia e a outras perturbações do mercado e subsequentes controles de preços do governo.
A longo prazo, porém, as perspectivas são excelentes. A Polônia, um dos países europeus mais dependentes de carvão, viu a geração de eletricidade renovável atingir um novo recorde em 2022, enquanto se esforçava para preencher um rombo do tamanho da Rússia na sua oferta de energia. A geração eólica aumentou quase 22% em 2022 em comparação com 2021. O país reduziu o consumo de carvão em 2,7% e o uso de gás em mais de 20%, segundo dados do think tank britânico Ember.
Herdeiras profissionais
Apenas uma pequena fração das herdeiras na lista dos bilionários da Forbes aumentou as fortunas que receberam, seja assumindo o controle da empresa ou abrindo caminho por conta própria. Aqui estão as cinco mais notáveis.
(Traduzido por Monique Lima)