Constrangimento para uns, oportunidade de negócio para outros. Rafael Nasser e Renato Radomysler, fundadores da empresa de odorizadores sanitários FreeCô, souberam lucrar com essa preocupação, que é quase um tabu. Aproximadamente nove anos após o lançamento, os sócios projetam faturar R$ 65 milhões em 2023.
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“Nós percebemos que a população brasileira é a que mais se preocupa com cheiros, higiene e limpeza. No Brasil, as pessoas tomam banho todos os dias e isso não é a regra em muitas partes do mundo”, explica Nasser. “Pensando nisso, percebemos que não havia uma solução no mercado para um dos cheiros considerados mais desagradáveis.”
A fórmula do FreeCô foi inspirada em produtos que já existiam fora do Brasil e é elaborada com óleos essenciais. Sua função é limitar o odor à água do vaso sanitário, evitando o “rastro” que pode ser deixado após o uso do banheiro.
“Entendemos que criar a fórmula era só o primeiro passo. Ainda teríamos de desmistificar esse assunto”, afirma o CEO da companhia. Para isso, a empresa precisou buscar diversas alternativas online e offline para criar a sua cultura e conquistar o seu público cativo.
Na visão do especialista em marketing Giulio Costa, conseguir criar uma marca forte hoje significa criar uma comunidade, como foi o caso da FreeCô. “Estamos em um momento em que os usuários consomem não apenas o que acreditam ser bom, mas também aquilo com que se identificam”, diz. “O futuro do marketing está ligado às comunidades que as marcas conseguem gerar, no senso de pertencimento que elas trazem aos seus clientes.”
Seguindo essa estratégia, os sócios começaram a construir uma comunidade por meio das farmácias, que representam a maior porcentagem de vendas da empresa. E a saída foi conquistar os balconistas. “Colocamos um FreeCô em cada banheiro das farmácias que achávamos e falávamos para os funcionários testarem e aprovarem antes de colocar nas prateleiras. Deu certo”, afirma Nasser.
Em 2017, a empresa faturou R$ 12 milhões com 1,2 milhão de produtos vendidos. Em 2019, um ano antes da pandemia, a companhia já tinha uma receita de R$ 22 milhões, apenas com um produto no portfólio.
Hoje, com outros três produtos no portfólio, a marca está presente em mais de 24 mil pontos de vendas em todo Brasil e já se considera uma “house of brands”, denominada FreeBrands. “Entendemos que a força que conquistamos em marketing nos dá a possibilidade de lançar novos produtos”, afirma Nasser.
Para Michel Ank, CEO da Lastlink, empresa especializada em vendas digitais, a estratégia é bastante acertada. “Investir em novos produtos pode auxiliar no crescimento da marca, aumentando o ticket médio e ampliando o público de interesse”, diz Ank. Porém, ele afirma que é necessário levar em consideração cada fase do ciclo de vida do produto antes de qualquer desenvolvimento, além de uma pesquisa de mercado.
Hoje, a principal aposta da FreeBrands é a linha de dermocosméticos Beta, que quer atingir um público diferente dos outros produtos da companhia. Com isso, a expectativa é aumentar o faturamento em R$ 11 milhões em comparação com os R$ 54 milhões de 2022 e atingir a marca de 6,5 milhões de produtos vendidos no ano.