Calote ameaçaria economia global e prejudicaria liderança dos EUA, diz Yellen

11 de maio de 2023
Jonathan Ernst/Reuters

Secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, pediu nesta quinta-feira (11) ao Congresso que eleve o limite da dívida federal de US$ 31,4 trilhões e evite um calote sem precedentes que desencadearia uma desaceleração econômica global e ameaçaria minar a liderança econômica global dos Estados Unidos.

Yellen fez a mais recente de uma série de advertências cada vez mais severas em declarações preparadas para uma entrevista coletiva antes de reunião no Japão, com seus colegas do Grupo dos Sete (G7), além de Índia, Indonésia e Brasil.

“Um calote ameaçaria os ganhos que trabalhamos tanto para obter nos últimos anos em nossa recuperação da pandemia. E desencadearia uma desaceleração global que nos atrasaria muito mais”, disse ela.

“Também arriscaria minar a liderança econômica global dos EUA e levantaria questões sobre nossa capacidade de defender nossos interesses de segurança nacional.”

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse na quarta-feira (10) que o fracasso do Congresso em agir antes que o Tesouro fique sem dinheiro para pagar as contas do governo – algo que pode acontecer já em 1º de junho – pode levar a economia dos EUA a uma recessão.

Yellen afirmou que a temeridade republicana na questão equivale a uma “crise criada por nós mesmos” e que apenas a ameaça de um calote poderia levar a um rebaixamento da classificação de crédito do governo dos EUA, como ocorreu durante uma disputa sobre o teto da dívida em 2011.

Isso poderia aumentar as taxas de juros em hipotecas, pagamentos de automóveis e cartões de crédito, disse Yellen, observando que as taxas já estavam subindo nas dívidas com vencimento por volta de 1º de junho.

A economia dos EUA sofreria um golpe “substancial” se o Tesouro não for mais capaz de emitir dívida, sem mencionar o impacto nos mercados financeiros e instituições e na confiança do consumidor, declarou ela, chamando a perspectiva de “impensável”.

“Todas essas análises mostram que cairíamos – se isso durar por um período significativo de tempo – em uma desaceleração muito substancial”, disse ela.

Biden, um democrata, insiste que o Congresso tem o dever constitucional de elevar o teto da dívida, que reflete o dinheiro federal gasto previamente, sem condições. Mas os republicanos que controlam a Câmara dos Deputados têm vinculado qualquer aumento no limite da dívida a cortes orçamentários abrangentes.

O presidente dos EUA disse esta semana que pode ter que deixar de viajar para Hiroshima para se encontrar com os líderes do G7 na próxima semana, dependendo dos desenvolvimentos no impasse do teto da dívida. Biden deve se reunir com os principais líderes democratas e republicanos do Congresso novamente na sexta-feira (12), após uma reunião inicial na terça-feira (9).