Em março, a indústria apresentou crescimento de 1,1% na produção em relação ao mês anterior, marcando a taxa mais elevada desde outubro (+1,3%) e depois de ter acumulado nos dois primeiros meses do ano recuo de 0,5%.
Com esses resultados, o setor fechou os três primeiros meses do ano com estagnação na comparação com o quarto trimestre de 2022, marcando o pior resultado para um primeiro trimestre desde 2021 (-1,1%).
Os resultados ficaram um pouco acima das expectativas em pesquisa da Reuters de altas de 0,8% na comparação mensal e de 0,4% na base anual.
Ainda assim, a indústria nacional está 1,3% abaixo do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020, e 17,9% abaixo do nível recorde da série, visto em maio de 2011.
“Há uma melhora de comportamento da produção industrial, especialmente considerando esse crescimento de magnitude mais elevada, mas ainda está longe de recuperar as perdas do passado recente”, explica o gerente da pesquisa, André Macedo. “(Mas) não sabemos ainda se esse crescimento de março é sustentável ou não.”
“Os fatores conjunturais adversos explicam porque a indústria e a economia não conseguem deslanchar. Juros seguem altos, inflação de alimentos também, a inadimplência é elevada e o mercado de trabalho ainda tem muita gente de fora. Tudo isso justifica a indústria ainda operar abaixo do nível pré-pandemia”, completou Macedo.
Diante disso, analistas avaliam que o setor deve manter uma trajetória de arrefecimento gradual ao longo de 2023, muitas vezes andando de lado.
“O resultado de hoje reforça a percepção de um desempenho fraco da indústria para o ano, mesmo tendo ficado de lado no primeiro trimestre de 2023. Os desafios para o setor industrial seguem inalterados, com uma conjuntura econômica local e internacional desafiadora”, avaliou João Savignon, Head de Pesquisa Macroeconômica da Kínitro Capital.
O maior peso negativo, por sua vez, foi exercido pelo segmento de confecção de artigos do vestuário e acessórios, com queda de 4,7% em março.
Entre as categorias econômicas, as maiores expansões foram apresentadas pelos setores de bens de capital (6,3%) e bens de consumo duráveis (2,5%). Os bens intermediários apresentaram alta de 0,9%.
A única queda entre as categorias veio de bens de consumo semi e não duráveis, de 0,5%, segundo mês seguido no vermelho.