Veja cinco ações abaixo de R$ 1,50 negociadas na B3

12 de maio de 2023
Foto: Pexels

Penny stocks: ações de centavos do Brasil são de empresas como Americanas, Marisa, Saraiva e Enjoei

Na década de 1980, Jordan Belfort ficou milionário ao fundar a corretora Stratton Oakmont para vender penny stocks a investidores ricos. Belfort montou um esquema para fingir grandes valorizações e ofertar as ações como se fosse uma promessa escondida de grandes lucros. (Quem assistiu ao filme “O Lobo de Wall Street”, de Martin Scorsese, sabe que essa história não terminou bem.)

Veja também:

Belfort se aproveitou de algumas características dessas ações para montar seu golpe. Penny stocks (ações de centavos, em português) são ações de baixo valor (abaixo de US$ 5 nos Estados Unidos e abaixo de R$ 1 no Brasil), de empresas que enfrentam problemas administrativos, estão em recuperação judicial ou outras dificuldades.

Devido aos problemas das companhias e desinteresse dos investidores, em geral, essas ações possuem baixa liquidez em bolsa. Combinado ao baixo valor do papel, um aumento de R$ 0,25 no valor da ação pode ser equivalente a uma alta de 50% em um único dia.

Penny stocks são uma escolha comum de investidores day trade (pessoas que compram e vendem ações no mesmo dia), por exemplo, para obter esses ganhos súbitos. Por mais que elas sejam muito baratas, o nível de risco é muito alto, não só pela volatilidade das ações, mas pelas dificuldades das empresas.

A Livraria Saraiva (SLED4), por exemplo, enfrenta recuperação judicial há alguns anos. Se um investidor faz posição nas ações e a empresa decreta falência, todo o dinheiro investido é perdido.

Leia também: 

A Nord Research listou algumas penny stocks brasileiras – ou muito próximas de valer centavos – e comentou sobre a situação das empresas correspondentes.

Veja quais ações que valem centavos:

Americanas (AMER3) Preço da ação: R$ 1,14 Retorno (1 mês): +12,87% Retorno (12 meses): –94,53% No fim de janeiro deste ano, a Americanas entrou com um pedido de recuperação judicial após o ex-CEO abrir a público que a varejista tinha um rombo contábil superior a R$ 40 bilhões. A empresa, que já passava por dificuldades e desvalorização devido ao aumento dos juros no país, não resistiu à pressão do escândalo. Para o analista Fabiano Vaz, da Nord, as ações da Americanas despencaram, mas isso não quer dizer que estão baratas. “A varejista depende da atividade econômica (emprego, renda, inflação e juros baixos) do país. Com base nos dados recentes da economia e do varejo, e as perspectivas para o futuro próximo, os resultados da Americanas devem ser fracos nos próximos trimestres”, diz Vaz. Ou seja, se as perspectivas para a empresa já eram desafiadoras antes, agora, em recuperação judicial e passando por uma reestruturação, fica ainda mais difícil. (Dados de 10 de maio de 2023) more
Marisa (AMAR3) Preço da ação: R$ 0,70 Retorno (1 mês): +12,90% Retorno (12 meses): –65,17% As Lojas Marisa não estão em recuperação judicial, mas a situação é ruim. A dívida bruta da companhia ao fim de 2022 era de R$ 874,6 milhões. Sendo que a empresa fechou o ano com um prejuízo líquido de R$ 391 milhões. O analista da Nord afirma que o histórico de dificuldade da Marisa não é recente. Após uma reestruturação entre 2018 e 2019, a companhia sofreu com a pandemia e segue penalizada com a crise econômica e o cenário restritivo de juros. “A desaceleração da economia e a alta dos juros nos últimos anos derrubaram os resultados e impulsionaram a dívida da empresa”, diz Vaz. “No quarto trimestre de 2022, a receita da varejista ficou estável com uma leve alta de 1,6%, entretanto o lucro operacional [Ebitda] recuou -53% na base anual”. O resultado do primeiro trimestre será divulgado no próximo dia 15. Sem liquidez e capacidade de gerar caixa, a Marisa passa por uma renegociação de suas dívidas e por uma nova reestruturação. No entanto, a faixa de público entre classe C e D compromete uma melhora de resultados no cenário atual. (Dados de 10 de maio de 2023) more
Méliuz (CASH3) Preço da ação: R$ 0,89 Retorno (1 mês): 0 Retorno (12 meses): –44,72% Méliuz fez sua listagem em bolsa em 2020. Segundo Vaz, ao fazer o IPO, a empresa acreditou que o seu negócio de cupons de desconto e cashback era competitivo e com baixa barreira de entrada. A grande estratégia era ampliar a empresa para oferecer todos os serviços financeiros e se tornar um banco digital completo. Acontece que bancos digitais estão em alta. A Méliuz acabou em um mercado muito competitivo e sem um caixa poderoso como o de concorrentes. “Os custos altos para expandir a plataforma de serviços financeiros prejudicaram os resultados de modo relevante ”, diz o analista. A empresa precisou vender o Bankly, braço financeiro que seria desenvolvido para chegar ao nível de banco digital. “Após falhar na sua estratégia [inicial], a Méliuz vai precisar mostrar a sua capacidade em superar este momento e começar a crescer e gerar valor para os seus acionistas”, afirma Vaz. (Dados de 10 de maio de 2023) more
Enjoei (ENJU3) Preço da ação: R$ 0,95 Retorno (1 mês): +11,76% Retorno (12 meses): –51,03% A Enjoei também sofre do mal que elevou os custos e as despesas das empresas nestes últimos anos. No acumulado de 2022, a receita da empresa cresceu mais de 30%. Porém, as despesas elevadas pressionaram o lucro operacional (Ebitda), que ficou no negativo de R$ 76 milhões. “Apesar de possuir um caixa confortável e um endividamento baixo, diferentemente das varejistas listadas aqui, a visibilidade futura em um cenário de inflação elevada e economia fraca deve continuar pressionando os resultados da Enjoei”, afirma o analista da Nord. (Dados de 10 de maio de 2023) more
Saraiva (SLED4) Preço da ação: R$ 1,00 Retorno (1 mês): +6,38% Retorno (12 meses): –81,75% A Saraiva agoniza há alguns anos. Em recuperação judicial desde outubro de 2018, a livraria ainda não chegou a um acordo definitivo com seus credores. Quando ajuizou seu pedido na Justiça, a Saraiva declarou uma dívida de R$ 675 milhões. No momento, a empresa passa por uma grande reestruturação. Entre as metas estão a redução no número de lojas e o enxugamento de custos e despesas. No mês passado, a livraria anunciou o fechamento de seis unidades, em cinco estados diferentes. A redução equivale a 18% da operação física. Em 2022, a empresa encerrou com uma queda de 3% na receita e um lucro operacional (Ebitda) negativo de R$ 42 milhões. “O ponto positivo nos resultados foi a queda de 39% da dívida líquida devido à conversão de créditos em ações da companhia para os credores”, diz Vaz. (Dados de 10 de maio de 2023) more