Em abril houve alta de 0,1% das vendas na comparação com o mês anterior, com ganho de 0,5% sobre o mesmo mês de 2022, resultados bem abaixo das expectativas em pesquisa da Reuters de 0,3% e 0,95%, respectivamente.
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“Essas variações perto de zero têm a ver com a conjuntura (econômica), como redução no crédito para pessoa física. Tivemos massa de rendimento real menos intensa e o total de ocupados caiu um pouco. São elementos e indicadores que alimentam essa perda de fôlego do comércio”, explicou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.
Segundo os dados do PIB divulgados pelo IBGE no começo do mês, o consumo das famílias aumentou 0,2% no primeiro trimestre em relação aos três meses anteriores, sob o impacto da política monetária restritiva e oferta de crédito.
Entre as oito atividades pesquisadas, somente três tiveram resultados positivos em abril. A maior influência positiva foi registrada pela alta de 3,2% de Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, marcando o maior crescimento desde março de 2020 (10,5%).
“Hiper e supermercados tiveram desempenho acima da média graças à Páscoa e inflação menor. Como o setor tem peso grande, ajudou a manter uma variação positiva”, disse ele, alertando que se o setor fosse excluindo da conta, o resultado geral das vendas varejistas seria negativo.
Também registraram aumento de vendas as atividades de Livros, jornais, revistas e papelaria (1,0%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,3%).
Entre os resultados negativos, destacaram-se Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-7,2%) e Tecidos, vestuário e calçados (-3,7%).
“Com juros altos e crédito mais restrito, e por outro lado com a inflação mais baixa, nesse balanço prevalece o consumo de primeira necessidade em detrimento de bens de maior valor agregado”, completou Santos.
Apesar dos dois resultados positivos seguidos das vendas varejistas e uma resiliência maior apresentada no início do ano, analistas avaliam que o setor deve desacelerar à frente. Isso devido aos efeitos do aperto monetário realizado pelo Banco Central, com taxa de juros elevada, principalmente dos segmentos sensíveis ao crédito.
A desaceleração da economia global também deve pesar, com esse cenário geral compensando possíveis benefícios gerados por uma inflação mais fraca.