Ferrari é a equipe mais valiosa da F1; veja o ranking de 2023
Mike Ozanian e Brett Knight, Forbes USA
19 de julho de 2023
Dan Istitene/Getty Images
Charles Leclerc, da Ferrari, e George Russell, da Mercedes
Em 2021, a empresa suíça Sauber estava pronta para vender uma participação majoritária em sua equipe de Fórmula 1, a Alfa Romeo Racing, para a Andretti Autosport. A transação girava em torno de US$ 350 milhões. Quando o negócio fracassou, a Sauber voltou-se para a Audi e, em janeiro, vendeu uma participação minoritária, avaliada em cerca de US$ 650 milhões – o preço havia dobrado em apenas 15 meses. Hoje, esse valor inflado parece uma pechincha, tanto que a Forbes avalia a Alfa Romeo Racing em US$ 900 milhões tomando como base a receita prevista de US$ 210 milhões da equipe para este ano.
As dez equipes mais valiosas em 2023:
É uma história semelhante com a Alpine, cujo proprietário, a Renault, revelou no mês passado que vendeu uma participação de 24% para um grupo liderado pela RedBird Capital Partners e Otro Capital em um negócio que avaliou a equipe em pouco mais de US$ 900 milhões. Os termos do acordo foram fechados há oito meses. A Forbes avalia que a equipe pode valer US$ 1,4 bilhão.
Em média, uma equipe da Fórmula 1 vale US$ 1,88 bilhão, segundo estimativas da Forbes. O valor representa um aumento de 276% em relação à média de US$ 500 milhões por equipe em 2019, quando a Forbes avaliou as equipes da série pela última vez (usando os números de receita de 2018). A Ferrari lidera mais uma vez, com US$ 3,9 bilhões – um salto de 189% em relação a 2019 –, com a Mercedes logo atrás, com US$ 3,8 bilhões, o que representa um aumento de 274%.
Esse ganho é em grande parte resultado da mudança da F1 em 2021 para implementar um teto de gastos, que limita quanto as equipes podem gastar, com texto fixado em US$ 135 milhões para 2023 (excluindo certas despesas, como motores e salários dos pilotos, bem como ajustes pela inflação).
As mudanças nas regras, juntamente com a popularidade da série Drive to Survive da Netflix, e um novo calendário de corridas (com um Grande Prêmio adicionado a Miami e outro chegando a Las Vegas em novembro), ajudaram a despertar um novo interesse em um esporte cuja audiência televisiva está em declínio. Essas operações elevaram a receita média de uma equipe de US$ 220 milhões, em 2018, para US$ 380 milhões este ano.
Ainda mais importante, o teto de gastos encerrou uma era em que os principais construtores gastavam mais de US$ 400 milhões anualmente – dinheiro que eles lutavam para recuperar, não importando o desempenho nas pistas – e introduziu o conceito de lucratividade.
Em 2018, as dez equipes perderam juntas quase US$ 200 milhões em receita operacional (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização); este ano, a Forbes estima que as equipes farão juntas quase US$ 600 milhões em EBITDA. Mesmo as equipes nos últimos lugares do grid têm obtido tanto dessas novas receitas da F1 que precisam atingir apenas cerca de US$ 50 milhões em receita de patrocínio para cobrir os custos. E essa é uma meta muito realista, apesar de uma queda entre as equipes menores, que obtêm cerca de 65% de sua receita com o fundo central e 35% com patrocínios. (Para equipes maiores, a divisão é normalmente em torno de 60% em patrocínios e 40% na receita central.)
O resultado é que os investidores estão dispostos a comprar participações muito maiores. A média de preço em relação à receita subiu para 4,9 nas dez maiores equipes, ante 2,3 em 2019. Em um negócio fechado em janeiro de 2022 por um preço negociado em 2020, a Ineos Industries adquiriu um terço da Mercedes-Benz Grand Prix Limited por um “enterprise value” (patrimônio líquido mais dívida líquida) de US$ 850 milhões, ou menos de duas vezes a receita.
Embora esse número não seja totalmente representativo porque o acordo também incluía patrocínio e outros fatores, a nova avaliação da Mercedes pela Forbes praticamente triplica esse múltiplo de receita, em 5,4. Enquanto isso, a Red Bull recusou recentemente uma oferta de mais de US$ 1 bilhão por sua equipe AlphaTauri, cinco vezes o que valia quatro anos atrás, quando era conhecida como Toro Rosso. O múltiplo de receita da equipe agora é de 4,3, segundo estimativas da Forbes, contra 1,2 em 2019.
E há muito mais vantagens pela frente, principalmente com a receita da televisão. Depois que a categoria aumentou sua audiência nos EUA em 36% ano a ano, para uma média de 1,2 milhão por corrida em 2022, o contrato atual da F1 com a Walt Disney (ESPN, ESPN+ e ABC) aumentou 17 vezes, para um valor médio anual de US$ 83 milhões por ano de 2023 a 2025.
Em todo mundo, a audiência da Fórmula 1 teve uma média de 70 milhões de pessoas por corrida em 2022. Numa escala global, os direitos da categoria devem chegar a US$ 1 bilhão este ano e a US$ 1,4 bilhão até 2029, de acordo com um relatório recente da Seaport Research Partners. “A F1 também não tem intervalos comerciais durante a corrida, mas achamos que existem maneiras criativas de obter receitas adicionais para a ESPN/ABC”, escreveu Seaport.
Além disso, a receita deve se beneficiar de uma maior promoção da Live Nation Entertainment, que tem 31% de propriedade da Liberty Media e ajudou a F1 a organizar experiências semelhantes ao Super Bowl de vários dias em muitos de seus fins de semana de corrida. Este ano, a empresa estará ainda mais diretamente envolvida em ajudar a Fórmula 1 a promover seu primeiro Grande Prêmio de Las Vegas, que deve gerar cerca de US$ 500 milhões em ingressos e hospitalidade de acordo com a Seaport, ao mesmo tempo em que gera dezenas de milhões de dólares em taxas da Ticketmaster para a Live Nation. A Fórmula 1 está pronta para acelerar.
METODOLOGIA
As avaliações da Forbes foram compiladas a partir de informações obtidas de arquivos públicos e documentos privados – como avaliações feitas em equipes por bancos – e de entrevistas com executivos do setor, analistas, banqueiros e investidores. A Forbes calculou suas avaliações com base nas estimativas de receita de 2023 porque, com o crescimento explosivo da categoria e a temporada agora na metade, os números de receita disponíveis para 2022 teriam produzido valores de equipe que não refletiam as expectativas atuais do mercado.
As receitas são das operações da F1 e excluem negócios auxiliares, como a venda de motores. Os valores da equipe são os valores da empresa (patrimônio líquido mais a dívida líquida) e os números do EBITDA são lucros antes dos descontos de juros, impostos, depreciação e amortização. Todos os valores foram convertidos em dólares americanos com base nas taxas de câmbio de 7 de julho de 2023 (£ 1 = $ 1,28; € 1 = $ 1,09).