A mesa recém-lançada vai comprar e vender créditos de projetos sustentáveis, sejam eles próprios — como os de geração de energia renovável da Comerc, empresa da qual a Vibra detém 50% do capital — ou de terceiros e de outros tipos, como ligados a florestas, que serão selecionados através de curadoria.
A ideia é fornecer alternativas para que as empresas possam neutralizar suas emissões de gases do efeito estufa e acelerar a descarbonização de seus processos produtivos.
Apesar do potencial brasileiro para emissão de créditos de carbono, o país ainda opera com base em um mercado voluntário para as iniciativas de descarbonização, sem imposições legais para que as empresas compensem ou mitiguem suas emissões. A exceção são dos CBios, títulos emitidos por produtores de biocombustíveis que as distribuidoras precisam comprar para compensar as vendas de combustíveis fósseis.
Segundo Thiago Natacci, diretor de comercialização de energia e carbono da Comerc, estudos do Banco Mundial mostram que o mercado voluntário mundial de créditos de carbono movimenta entre 1,5 bilhão e 2 bilhões de dólares por ano, muito abaixo do regulado, no qual as cifras chegam a 95 bilhões de dólares.
“Ainda é cedo para falar (em volumes no Brasil), estamos muito otimistas com esse mercado. Ele está mudado, evoluindo e aumentando a cada dia”, afirmou André Dorf, co-CEO da Comerc.
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Ernesto Pousada, CEO da Vibra, disse que a plataforma explorará importantes sinergias entre a maior distribuidora de combustíveis do Brasil, que entra com uma enorme base de ativos e clientes, e a parceira Comerc, que vai operacionalizar o negócio.
“É uma oferta adicional, (crédito de carbono) é super relevante para multinacionais, nós temos diversos clientes multinacionais, essa mesa vai pode ter mais uma oferta para esse cliente”, disse Pousada.
A expectativa é que os volumes negociados no Brasil cresçam à medida que se aproxima 2030, data em que várias empresas se comprometeram a atingir o “net zero”, destacou Cristopher Vlavianos, co-CEO e fundador da Comerc.
“A hora que essas empresas começaram a ter que se preocupar com o escopo 3… esse mercado tem uma tendência a crescer muito rápido. É dentro desse contexto que estamos buscando antecipar essa mesa de carbono”, afirmou Vlavianos.
Em relação à regulamentação no Brasil, os executivos lembraram que já existem três projetos de lei sobre o tema que hoje tramitam no Congresso, e que o governo ainda pretende apresentar um projeto próprio.
A sensação é que a agenda deve avançar, principalmente diante dos esforços do Brasil de se projetar novamente como uma potência verde, avaliaram.