Considerando que o portfólio de investimentos em companhias abertas da Berkshire está avaliado em US$ 348 bilhões, as aquisições representam um investimento relativamente modesto no setor de construção de casas, menos de 0,25% do total.
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Todas as ações superaram significativamente o desempenho do índice S&P 500 durante o segundo trimestre. Além disso, as construtoras têm demonstrado melhor rentabilidade e fluxo de caixa, características que se alinham com as aquisições tradicionais feitas por Buffett. Vale observar que os analistas preveem uma queda nos lucros, o que pode explicar o desconto na avaliação dessas ações.
Como está o cenário?
Apesar do aumento recente nas vendas de novas casas nos Estados Unidos, o ritmo ainda está substancialmente abaixo das máximas. As taxas médias de juros para hipotecas de 30 anos, que antes eram fixas, aumentaram de 2,8% em fevereiro de 2021 para 7,6% nas últimas semanas. Essa alta impactou negativamente no acesso à moradia, levando a uma situação pior do que a vivida durante o período da “bolha imobiliária”. Uma diferença importante em relação ao passado é que a oferta de casas no mercado permanece historicamente baixa.
A demanda por casas aumentou durante um período de juros extremamente baixos nas hipotecas durante a pandemia. Isso resultou em proprietários optando por não vender seus imóveis, uma vez que os pagamentos de hipoteca baixos não são mais viáveis com as atuais taxas de juros, que estão mais altas.
Apesar dos desafios relacionados às taxas de hipoteca em alta, as três empresas adquiridas pela Berkshire continuam a gerar lucros e fluxo de caixa livre. Na verdade, seus ganhos são comparáveis a situações passadas em que as transações imobiliárias estavam em níveis semelhantes.
A D.R. Horton, por exemplo, recentemente previu melhorias em suas margens de lucro e na produção de casas. Além disso, a situação financeira da empresa é robusta, o que a coloca em uma posição favorável para enfrentar desafios caso a situação piore.
A aquisição dessas ações pode ser explicada pelo fato de apresentarem avaliações relativamente mais baixas e uma perspectiva possivelmente diferenciada sobre o futuro das construtoras de imóveis, mesmo diante dos desafios das taxas de juros em alta.