Advent segue saindo do varejo com venda da Kopenhagen para a Nestlé

6 de setembro de 2023

Se a transação for confirmada, será o segundo desinvestimento da Advent no varejo brasileiro neste trimestre

Espera-se para as próximas horas a confirmação de que o fundo de private equity americano Advent vendeu sua participação controladora na tradicional empresa de varejo de chocolates Kopenhagen para a Nestlé do Brasil. Se a transação for confirmada, será o segundo desinvestimento da Advent no varejo brasileiro neste trimestre.

No início de agosto, o fundo zerou sua participação acionária no Carrefour. A Advent havia se tornado um investidor importante na rede de varejo em 2021, quando vendeu a rede de supermercados Big – sucessora das operação da americana WalMart – para o Carrefour.

As dez maiores varejistas do Brasil

1- Grupo Carrefour Brasil (CRFB3) Segmento: Super, Hiper, Atacarejo e Conveniência Faturamento em 2022: R$ 108 bilhões
2- Assaí (ASAI3) Segmento: Super, Hiper, Atacarejo e Conveniência Faturamento: R$ 59,7 bilhões
3- Magazine Luiza (MGLU3) Segmento: Lojas de Departamento, Artigos do Lar e Mercadorias em Geral Faturamento: R$ 44,7 bilhões
4- Via (VIIA3) Segmento: Eletromóveis Faturamento: R$ 39 bilhões
5- Americanas (AMER3) Segmento: Lojas de Departamento, Artigos do Lar e Mercadorias em Geral Faturamento: R$ 34,4 bilhões *Rombo contábil foi divulgado em janeiro de 2023.
6- RaiaDrogasil (RADL3) Segmento: Drogaria e Perfumaria Faturamento: R$ 30,9 bilhões
7- Grupo Boticário Segmento: Drogaria e Perfumaria Faturamento: R$ 23,6 bilhões
8- Natura&CO (NTCO3) Segmento: Drogaria e Perfumaria Faturamento: R$ 20,7 bilhões
9- Grupo Mateus (GMAT3) Segmento: Super, Hiper, Atacarejo e Conveniência Faturamento: R$ 20,4 bilhões
10- Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) Segmento: Super, Hiper, Atacarejo e Conveniência Faturamento: R$ 18,4 bilhões

Apesar de envolverem o mesmo setor, as duas vendas têm motivações diferentes. O desinvestimento no Carrefour justifica-se pela redução da exposição a um setor sujeito a inúmeros desafios. O varejo tem enfrentado compressão de margens devido aos juros elevados e ao aumento da inadimplência. Isso vale para todos os segmentos, apesar de o varejo de alimentos ser menos cíclico.

Já no caso da Kopenhagen, a venda deveu-se ao bom momento da empresa. Em 2020 o Advent adquiriu o grupo CRM, controlador da Kopenhagen, por um valor não revelado. Recentemente, os bons resultados do negócio fizeram o fundo considerar uma realização dos lucros. A estimativa dos profissionais de fusões e aquisições é que a aquisição envolve múltiplos de 12 a 15 vezes a geração de caixa medida pelo Ebitda.

Leia também: 

A transação tem algumas particularidades. No Brasil, assim como em quase todos os países em que atua, a Nestlé é uma empresa industrial. Sua atuação no varejo é indireta, por meio de representantes.

Mais recentemente, a companhia passou a considerar a participação no comércio eletrônico, segundo o executivo Bernard Meunier, vice-presidente de Unidades Estratégicas, Marketing e Vendas da Nestlé global. “O consumidor tem de poder encontrar nossos produtos em diversos locais”, disse ele em uma entrevista exclusiva à Forbes. No entanto, a empresa nunca apostou no varejo por aqui.

Isso muda com a compra da Kopenhagen. Incluindo a controlada Brasil Cacau, que atua em um segmento mais popular, o grupo tem uma rede de cerca de 800 lojas em quase todos os Estados brasileiros e é um exemplo de franqueadora bem-sucedida.

Caso confirmado, o negócio ocorre cerca de três meses depois que o Tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a compra da Garoto pela Nestlé, após sete anos de tramitação. Na ocasião, um dos termos do acordo com a autarquia estabelecia que o grupo suíço se comprometesse a não adquirir ativos que representassem pelo menos 5% do mercado de chocolates no Brasil por cinco anos.

Procuradas, Advent, Nestlé e Kopenhagen não atenderam às solicitações imediatas de entrevistas da Forbes Brasil.

* (atualizado, com Reuters)