Como uma esquisita de nascença, eu não fui a adolescente “normal”. Não saía para festinhas toda semana porque escolhi trabalhar cedo, assim como não encontrava os amigos depois da aula, porque já saía da escola para me empenhar no meu negócio. Além disso, não era tão fã de artistas da cultura pop, mas sim de filósofos. Se eu encontrasse na rua um mega artista atual, talvez achasse legal e até pedisse uma foto, mas se eu encontrasse Aristóteles teria um piripaque nervoso.
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Até meus vinte anos, pensar em conhecer o Cortella era um sonho. Por ser amiga de seu filho, Pedro, acabei o conhecendo nessa palestra presencial e não consegui falar o que eu queria, que era discutir filosofia e saber sua opinião sobre a geração que está vindo, dos jovens digitais. O que eu consegui naquele dia foi dar três gritinhos e dizer “eu te amo”. Puts. Eu nem falei que ele me inspirou a estudar filosofia todos esses anos, que foi através de muitos dos seus pensamentos que consegui forças para lidar com questões emocionais… tratei aquele momento como um sonho.
Conforme fui amadurecendo e conhecendo pessoas que antes eram “ídolos”, comecei a perceber que no fim somos a mesma coisa: só seres humanos. Somos pessoas com nossas falhas, inseguranças, incertezas, dificuldades e habilidades. Tudo o que qualquer pessoa é, por maior que ela seja em termos de reconhecimento, é isso: uma pessoa.
Foquei então em me desenvolver, pessoal e profissionalmente. Como diria o próprio Cortella, “fazer o meu melhor, nas condições que eu tenho, para depois fazer melhor ainda”. Parei de olhar para o lado e foquei em ser a melhor dentro das minhas circunstâncias. Parei de me comparar com a concorrência e tomei como norte a premissa de que eu preciso fazer o que eu acredito que é certo, mesmo que ninguém esteja fazendo a mesma coisa.
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A moral da história aqui, para você, empreendedor, é que você precisa parar de ter sonhos e começar a ter objetivos. Têm objetivos na nossa vida que demorarão uma década, como esse, outros talvez muito mais do que isso, mas só quando mudamos essa percepção é que conseguimos realizá-los.
Quando temos sonhos, nos distanciamos da ação e depositamos o futuro nas mãos do acaso ou destino. As coisas não acontecem na intenção, só na ação. É o que você faz que te aproximará ou distanciará de onde você quer chegar. Talvez seja uma conquista material, talvez algo mais subjetivo como é o meu caso, mas o caminho é o mesmo.
Nada está fora do seu alcance. Talvez seja apenas um objetivo mais desafiador, que demore mais tempo para acontecer, mas sua parte você precisará fazer de qualquer jeito.
O que quero que você faça agora, então, é se perguntar:
Como eu posso traçar um plano para realizar esse objetivo que tanto desejo alcançar? Que renúncias terei que fazer? Que atitudes preciso tomar?
Muitas vezes você se esquiva dessas perguntas porque duvida do próprio potencial, mas lembre-se: nenhum de nós é nada além de um ser humano, com suas complexidades e limitações, habilidades e potências. Como Steve Jobs disse uma vez em uma entrevista: “Tudo no mundo foi construído por pessoas que não são mais inteligentes do que você.”
A partir do momento que você vira essa chave de pensamento na sua cabeça, e começa a enxergar seus sonhos como metas, fica bem mais claro o que precisa fazer para que seus “sonhos se realizem”.
Ontem foi um dia que me marcou para sempre, não porque foi um sonho realizado, mas porque fazer a minha parte me levou até ele. Ontem, cada renúncia que eu fiz nessa caminhada valeu a pena, porque não só discuti filosofia com o Cortella, mas cheguei nesse lugar fazendo o certo, sendo autenticamente eu, preparada e madura para aproveitar o sonho da Isabela de 14 anos como uma mulher que realizou um objetivo gigantesco.
Isabela Matte tem 24 anos, é empreendedora, mãe, escritora, mentora e influenciadora. Criou seu primeiro negócio aos 12 anos. Foi reconhecida no ranking Forbes Under 30 em 2018 e é pós graduada em Filosofia. Dentre suas iniciativas, é fundadora e CEO da Isabela Matte, do IMATIZE e autora do livro O Jovem Digital.
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