Taxas futuras de juros têm queda firme após núcleo de inflação nos EUA desacelerar

29 de setembro de 2023

Após avançar em oito das últimas dez sessões, as taxas dos contratos futuros de juros fecharam a sexta-feira (29) com baixa firme no Brasil, em um dia de correção de preços e em sintonia com a queda dos rendimentos dos Treasuries, após novos dados de inflação nos EUA reduzirem as apostas de que o Federal Reserve apertará ainda mais sua política monetária.

O principal vetor para a queda dos juros no Brasil foram os Treasuries, cujos rendimentos cederam após o Departamento do Comércio dos EUA informar que o núcleo do índice de preços PCE — que exclui alimentos e energia — aumentou 0,1%, depois de alta de 0,2% no mês anterior. Na base anual, o núcleo do índice subiu 3,9% em agosto, após um aumento de 4,3% em julho.

O dado de núcleo, bastante observado pelo Fed, foi bem recebido pelo mercado e tirou força do dólar e dos rendimentos dos Treasuries, com reflexos no Brasil. A avaliação foi de que, com o indicador mais favorável, diminuíram as chances de o Fed elevar mais os juros para conter a inflação.

“Nos últimos dias, vimos um movimento de alta forte das taxas de juros, em especial nos títulos de 10 anos nos EUA. O CPI (Índice de Preços ao Consumidor, na sigla em inglês) estava muito pressionado, o petróleo subia e a China preocupava”, pontuou Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital.

“Hoje (sexta-feira) temos um movimento de correção. O núcleo do PCE veio abaixo das expectativas, o que ajudou a acomodar os mercados. Os juros fecharam nos EUA e no Brasil”, acrescentou.

Pela manhã, dados de inflação na zona do euro também demonstraram desaceleração da alta de preços, o que contribuiu para uma avaliação de que o Banco Central Europeu (BCE) igualmente pode já ter encerrado seu ciclo de alta de juros.

Durante a tarde, declarações do presidente do Federal Reserve de Nova York, John Williams, reforçaram a visão desta sexta-feira mais “dovish” (branda) sobre a política monetária.”Minha avaliação atual é que estamos no nível máximo da faixa de meta para a taxa básica de juros, ou próximos a isso”, disse.

No fim da tarde no Brasil a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,245%, ante 12,261% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,855%, ante 10,972% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2026 estava em 10,615%, ante 10,762%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,83%, ante 10,991%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,125%, ante 11,277%.

Com o movimento desta sexta-feira (29), perto do fechamento a curva a termo precificava em 4% as chances de o corte da taxa básica Selic em novembro ser de 0,75 ponto percentual. Já as chances de corte de 0,50 ponto percentual eram precificadas em 96%. Atualmente, a Selic está em 12,75% ao ano.

Pela manhã, o Banco Central informou que o déficit nominal do setor público, que inclui despesas com o pagamento da dívida pública, foi a 7,3% do Produto Interno Bruto nos 12 meses encerrados em agosto. É o pior desempenho desde maio de 2021, quando alcançou 8,8% do PIB. Apenas em agosto, o déficit nominal foi de R$ 106,561 bilhões.

No fim da tarde, as taxas dos Treasuries seguiam em baixa.

Às 16:41 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– caía 2,20 pontos-base, a 4,5752%.