O JPMorgan Chase, que dará início à temporada de resultados dos grandes bancos dos EUA na sexta-feira (13), definirá o tom para o setor. Analistas esperam que o JPMorgan divulgue um salto de cerca de 25% no EPS (lucro por ação) em relação ao terceiro trimestre do ano passado, de acordo com estimativas compiladas pela LSEG.
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“Este trimestre tem tudo a ver com taxas de juros mais altas por mais tempo”, disse Mike Mayo, analista do Wells Fargo. “Elas afetam o financiamento dos bancos, os empréstimos, a capacidade dos tomadores de pagar os financiamentos, as perdas em títulos e as exigências de capital.”
O JPMorgan, o maior banco dos EUA, está “melhor posicionado” para lidar com taxas mais altas e pode surpreender os mercados com resultados mais fortes do que o esperado, disse o analista do Bank of America, Ebrahim Poonawala, que elevou sua estimativa para o desempenho do banco.
O setor privado dos EUA criou 336 mil postos de trabalho em setembro, em um retorno às fortes contratações observadas durante a pandemia, potencialmente reforçando a justificativa para outro aumento da taxa de juros pelo Federal Reserve. Outra elevação do juro norte-americano pode jogar água fria em uma recuperação incipiente na atividade de fusões e aquisições e emissões de ações.
“Há um ambiente construtivo e as comissões cobradas pelos bancos de investimento tendem a ser mais altas até o final do ano”, disse Jason Goldberg, analista de bancos do Barclays. Mas uma melhora mais ampla para os mercados de capitais pode não ocorrer até 2024, disse ele.
A atividade dos bancos de investimento continua deprimida. As comissões globais dos bancos de investimento caíram quase 17% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior, para US$ 15,2 bilhões, de acordo com dados da Dealogic.
Os mercados podem ser ainda mais abalados pelo aumento dos rendimentos do Tesouro dos EUA, que derruba a confiança dos investidores e apresenta alguns riscos para os bancos que detêm um grande volume de títulos em seus livros.
As perdas não realizadas com títulos apresentarão um “aumento significativo”, chegando a US$ 670 bilhões em todo o setor no terceiro trimestre, estimou Richard Ramsden, analista bancário do Goldman Sachs. Isso se compara a US$ 558 bilhões no segundo trimestre, de acordo com dados da FDIC, agência dos EUA que atua nas garantias de depósitos bancários.
Por exemplo, o Bank of America teve mais de US$ 100 bilhões de perdas não realizadas em sua carteira de títulos que pretende manter até o vencimento, o que pesou sobre suas ações. As ações do BofA têm o pior desempenho entre os seis principais bancos dos EUA, caindo quase 18% até o momento este ano.
O índice KBW de ações de bancos, que inclui instituições financeiras regionais, acumula queda de quase 23% em 2023.
A inadimplência dos consumidores nos pagamentos de empréstimos também aumentou, mas permanece em níveis historicamente baixos.
“Ainda se trata de normalização do crédito, em oposição a uma preocupação real com as perdas de crédito que estão chegando a níveis do tipo recessivo”, disse Ramsden. Em termos mais gerais, “estamos de volta a esse ambiente em que os investidores acreditam que as taxas de juros permanecerão mais altas por mais tempo”, disse ele.