Esse crescente grupo que busca por sustos é o público-alvo dos parques temáticos da Universal, onde a arte de assustar os visitantes se tornou um enorme impulsionador de lucro durante o que costumava ser uma época de baixa temporada.
Os observadores da indústria estimam que a Universal gasta mais de US$ 100 milhões todos os anos para produzir, comercializar e equipar seus eventos Halloween Horror Nights (HHN) em seus parques temáticos na Flórida, Califórnia, Japão e Singapura.
Os live-actions lançados pela Disney com maior bilheteria
A empresa já prometeu que o evento do próximo ano será ainda maior. “Nunca vemos a Universal reduzindo o evento”, diz Robert Niles, criador do Theme Park Insider. “Eles nunca, por exemplo, encurtariam uma semana ou cortariam três dias”, completa. Analistas estimam que 30 mil a 35 mil visitantes participam do HHN a cada noite, o que se traduz em cerca de 1,5 milhão de visitantes ao longo do evento – e isso é apenas na Flórida.
Embora a empresa-mãe, a Comcast, não divulgue os dados financeiros específicos do Halloween, especialistas do setor afirmam que a receita adicional gerada pelo HHN representa um impulso significativo para o resultado final dos Parques Universal nos últimos meses do ano.
Niles aponta para uma declaração de Tom Williams, o recém-aposentado presidente e CEO da Universal Destinations & Experiences, sobre o HHN. “Ele disse que o Halloween Horror Nights era o décimo terceiro mês da Universal Orlando.” Se essa métrica se mantiver verdadeira em todos os outros parques temáticos da Universal, que juntos geraram US$ 7,5 bilhões em receita no ano passado, as receitas do HHN terão representado aproximadamente US$ 575 milhões em vendas em 2022.
A origem do sucesso
Além disso, há um ressurgimento na popularidade dos filmes de terror, especialmente entre o público mais jovem. Um estudo de 2022 da Deloitte Insights descobriu que, embora o terror seja o quinto gênero mais popular entre o público dos Estados Unidos em geral, ele ocupa a terceira posição entre o público da Geração Z, ficando atrás apenas de comédia e ação.
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Os autores do estudo observaram: “Os filmes de terror podem ser muito lucrativos, custando pouco para produzir e arrecadando grandes quantias”, acrescentando que os serviços de streaming devem “buscar gêneros mais baratos que possam manter o envolvimento do público a custos significativamente mais baixos”.
Além disso, o braço de cinema da Universal continua a produzir filmes de terror, como “Nope” de Jordan Peele, “The Black Phone” e “Halloween Ends”, que arrecadaram juntos US$ 439 milhões nas bilheteiras no ano passado. O próprio HHN se resume a uma estratégia muito inteligente de reforço de marca, afirma Niles. “A Universal quer que as pessoas associem Universal e horror, da mesma forma que associam Disney e princesas.”
O renascimento
Antigamente uma temporada morta na indústria de parques temáticos, os últimos meses do ano foram ressuscitado pelos eventos de Halloween, que impulsionam o desempenho sazonal da indústria em até 30%, estima Dennis Speigel, fundador e CEO da International Theme Park Services, uma empresa de consultoria da indústria.
Hoje em dia, todo parque de diversões respeitável apresenta algum tipo de programação de Halloween após o horário de funcionamento — o doce Mickey’s Not-So-Scary Halloween Party da Disney e o Howl-O-Scream do Busch Gardens são apenas dois exemplos —, mas o Halloween Horror Nights da Universal é o maior e mais arrepiante do setor. “Se você pensar na Disney como o topo da indústria de parques temáticos, a Universal é o topo da indústria de parques temáticos de Halloween”, diz Niles.
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Um ingresso para uma única noite no Halloween Horror Nights da Universal Orlando em 2023 começa em US$ 85, embora existam ingressos para várias noites que podem reduzir consideravelmente o preço por diária. Claro, sempre há muitas maneiras de aprimorar a experiência no HHN por um custo adicional. Um passe expresso que permite aos visitantes evitar filas custa US$ 139 além do ingresso base. Também existem passeios VIP e pacotes de hotel com ingressos.
“É sobre aumentar as receitas por pessoa”, diz Speigel. “Eles esvaziam o parque, e qualquer pessoa que entrar à noite deve comprar um novo ingresso. E então há taxas e sobretaxas. Isso é com certeza o futuro.”
Além dos ingressos
Com o Halloween Horror Nights agora em seu 32º ano, a Universal compreende que precisa continuar elevando o padrão de suas atrações para os visitantes fiéis e frequentes. As apostas estão particularmente altas agora, porque foi um ano fraco para a indústria de parques temáticos em geral, devido à crescente sensibilidade dos consumidores em relação aos preços, bem como a condições climáticas adversas. Tanto a Disney quanto a Comcast (que possui a Universal) relataram menor comparecimento em seus parques de Orlando este ano.
“Não consigo pensar em uma temporada nos últimos 15 anos em que o Halloween seja mais importante para os números do final do ano”, diz Speigel, cuja empresa previu em janeiro que a indústria teria um ano com crescimento mínimo ou até mesmo negativo. “Felizmente, o Halloween é à prova de inflação. Mesmo que as pessoas estejam lidando com questões econômicas, isso não afeta o Halloween. Temos visto que as pessoas ainda sairão para aproveitar.”
Talvez o maior testemunho do sucesso do HHN seja o fato de que a Universal está construindo um local permanente do Halloween Horror Nights com 10 mil metros quadrados, para abrir o ano todo em Las Vegas, com planos de expansão para outras localidades nos Estados Unidos e internacionalmente. “Estamos entusiasmados em oferecer à nossa base de fãs global mais uma maneira de sentir medo e se divertir com o medo no coração de Las Vegas, o local perfeito para esse tipo de conceito único”, disse Page Thompson, presidente de Novos Empreendimentos da Universal Parks & Resorts, no anúncio de janeiro. A data de abertura ainda não foi divulgada.