Dólar nas alturas: Quais ações da bolsa podem se beneficiar?

1 de outubro de 2023
PM Images/Getty Images

A expectativa de elevação de juros dos EUA e a perspectiva de queda no Brasil geram uma fuga de capital no país, o que resulta na valorização do dólar.

A alta do dólar tem sido observada de perto pelo mercado financeiro. Na última quarta-feira (27), a moeda norte-americana atingiu o patamar de R$ 5, pela primeira vez desde junho. Durante um mês, considerando do dia 29 de agosto até sexta-feira da semana passada, a valorização foi de 3,50%, refletindo a percepção de que os juros nos Estados Unidos permanecerão elevados por mais tempo.

Embora a alta seja vista como um fator negativo para alguns setores e grupos, com o exemplo dos turistas, ela pode ser benéfica para alguns setores da Bolsa de Valores.

Veja quais ações podem se beneficiam da alta do dólar

Exportadoras “Exportadoras podem se beneficiar, pois recebem em dólar e, com a valorização desta moeda, seus rendimentos em reais aumentam”, Anthonio Araujo Jr., CEO da Smart Business. Exemplos de exportadoras na bolsa: As empresas de commodities desempenham um papel significativo nas exportações do Brasil, incluindo a Vale (VALE3), Petrobras (PETR4;PETR3) e Usiminas (USIM5). more
Turismo “Empresas do setor de turismo podem se beneficiar com o dólar mais forte, já que um real mais fraco pode tornar o Brasil um destino mais atraente para turistas estrangeiros, tornando viagens ao país mais acessíveis”, diz Claudio Felisoni, professor da FIA Business School. Exemplos de empresas de turismo : - Azul (AZUL4) - CVC (CVCB3) - Gol (GOLL4) more
Empresas com receitas em dólar “Empresas que têm receitas denominadas em dólar, podem ver um aumento no lucro quando a moeda se valoriza em relação ao real”, afirma Felisoni. Exemplos de empresas com receitas em dólar: - Suzano (SUZB3) - setor: Papel e Celulose - JBS (JBSS3) - setor: Alimentos e Bebidas - CSN Mineração - setor: Energia e Saneamento more

Por que o dólar subiu tanto?

No início desta semana, o presidente do Federal Reserve (Fed) de Chicago, Austan Goolsbee, afirmou que os juros nos EUA provavelmente permanecerão elevados por mais tempo do que o atualmente estimado pelos mercados. Por sua vez, o CEO do JP Morgan, Jamie Dimon, expressou preocupação com a possibilidade de as taxas de juros de referência do Fed atingirem 7%. Os especialistas explicam que a expectativa de elevação de juros da maior economia do mundo e a perspectiva de queda dos juros no Brasil geram uma fuga de capital no país, o que resulta na valorização do dólar.

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Na prática, o Brasil é um dos países com maiores taxas de juros do mundo, com uma taxa de juros reais, que desconta a expectativa de inflação, de 6,65%, ficando atualmente em quarto lugar, perdendo apenas para a Argentina (31,2%), Rússia (7,9%) e México (7,4%), de acordo com o levantamento do Valor Pro. Isso torna o país atrativo para o exterior, uma vez que o risco de investimentos na Argentina é alto e a Rússia está em guerra. No entanto, as perspectivas futuras são de queda, já que o Boletim Focus projeta que a taxa Selic passe dos atuais 12,75% ao ano (a.a.) para 11,75 a.a.

Em contrapartida, a perspectiva para a taxa dos EUA, atualmente de 5,25% a 5,50%, é de aumento no futuro próximo. “Os investidores estrangeiros acabam retirando os seus recursos do Brasil, uma vez que a renda fixa americana, os ativos mais seguros do mundo, tem uma perspectiva de alta. Portanto, ocorre a fuga do dólar do Brasil, o que ocasiona a valorização”, diz Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.

Outros fatores também estão intrínsecos à alta do dólar, como a incerteza fiscal no Brasil e a tendência de aumento das taxas de juros em várias partes do mundo, como resposta à preocupação com os efeitos inflacionários causados pelos impactos econômicos da pandemia. Além disso, as perspectivas de crescimento econômico global não são tão otimistas, o que sugere um crescimento mais lento. Isso pode resultar em um menor volume de dólares circulando globalmente.