Segundo Mário Leão, CEO do Santander Brasil, o banco está superando o período de crescimento deliberadamente baixo dos últimos trimestres. “Tivemos um ciclo de desenvolvimento focado no crédito à baixa renda, por isso sofremos mais do que a média da concorrência em 2022 e nos primeiros trimestre de 2023”, diz ele. “No início deste ano começamos um processo de diversificação do nosso portfólio de negócios, e agora estamos começando a ver os resultados, que devem ser melhores nos próximos trimestres.” Leão não divulgou “guidance” (projeção) para os números, no entanto.
Um dos ajustes mais severos foi em cartões de crédito. O banco reduziu a emissão de cartões pela metade no segundo trimestre de 2022 em comparação com o mesmo período de 2021. “Enxugamos nossa base”, diz Leão. “Foi uma decisão correta, que trouxe a qualidade do nosso crédito para o melhor patamar do mercado.” Segundo o executivo, “o pior já passou”, e a emissão já está em 60% do que estava antes da redução. “Não é um crescimento em super velocidade e no mar aberto, mas está baseado nos clientes de folha de pagamento.”
Agronegócio e alta renda
No caso da alta renda, diz Leão, o banco mudou os produtos ofertados. Ainda neste ano ele deverá lançar um cartão de débito global pré-pago vinculado à conta Select, para concorrer com plataformas financeiras que oferecem o mesmo serviço. Além disso, o banco pretende encerrar 2023 com 2 mil agentes autônomos contratados, que deverão atender o segmento de renda mais alta.
No início da tarde da quarta-feira, as units do Santander (SANB11), os papéis mais negociados, estavam com uma leve queda de 0,5% R$ 27,34, em linha com a baixa do Ibovespa. Segundo José Eduardo Daronco, analista da Suno Research, os resultados vieram levemente acima das expectativas. “Começamos a ver a inadimplência arrefecer neste trimestre, ficando em 3% acima de 90 dias, o que é positivo”, diz ele.
Daronco diz acreditar que o pico de inadimplência ficou para trás e que ela deverá retornar aos patamares históricos nos próximos trimestres. “À medida que o banco consiga estabilizar os índice de inadimplência, trazendo-os para a média histórica, ele deve voltar a crescer a carteira de crédito”, diz Daronco.