Ibovespa abre em queda de olho no cenário fiscal dos Estados Unidos

13 de novembro de 2023

O Ibovespa opera em queda de 0,28% na abertura do pregão de hoje (13), a 120.228 pontos perto das 10h10, horário de Brasília. Por aqui, o mercado voltou a reduzir a expectativa para a inflação neste ano, abaixo do teto da meta, de acordo com a pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central. No exterior, a preocupação gira em torno do cenário fiscal dos Estados Unidos.

O dólar avançava 0,18% ante o real por volta das 10h10. A moeda era negociada a R$ 4,9233.

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Os analistas consultados pelo BC passaram a ver alta do IPCA de 4,59% em 2023, de 4,63% na pesquisa anterior. Para 2024 a conta foi ajustada em 0,01 ponto percentual para cima, a 3,92%. Por sua vez, as perspectivas para 2025 e 2026 foram mantidas em 3,50%.

O centro da meta oficial para a inflação em 2023 é de 3,25% e, para 2024, 2025 e 2026 é de 3,00%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

A revisão ocorre na esteira de dados abaixo do esperado para a alta do IPCA de outubro. A queda na gasolina compensou o peso das passagens aéreas e o IPCA desacelerou a alta a 0,24% em outubro, de 0,26% no mês anterior, com a taxa em 12 meses acumulando alta de 4,82%.

No cenário corporativo, a Americanas anunciou mais um adiamento na publicação de seus resultados financeiros de 2021 e 2022, citando a “tarefa extremamente desafiadora e complexa” de elaboração dos balanços, segundo fato relevante publicado pela companhia responsável por um dos maiores pedidos de recuperação judicial da história do país.

As publicações estavam previstas para esta segunda-feira, mas a empresa afirmou necessidade de novo adiamento, agora para “até 16 de novembro”, antes da abertura do mercado.

Os maiores bancos do país estão aguardando há meses a publicação dos balanços auditados da Americanas para avançarem no processo de discussão de um acordo para a dívida bilionária da varejista e eventual aprovação do plano de recuperação judicial.

Mercados internacionais

Nos Estados Unidos, os mercados já tinham encerrado suas atividades na sexta-feira (10) quando a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a perspectiva (“outlook”) americana de “estável” para “negativa”. A agência manteve a classificação (“rating”) em Aaa, o nível máximo. Para justificar sua decisão, a Moody’s citou os juros elevados e o tamanho da dívida pública.

“Dado o contexto de taxas de juro mais elevadas, sem medidas de política fiscal eficazes para reduzir os gastos do governo ou para aumentar as receitas, a Moody’s espera que os déficits fiscais dos EUA continuem a ser muito elevados, enfraquecendo significativamente a capacidade de pagamento da dívida.”

O rebaixamento ocorreu durante uma perspectiva de paralisação do governo americano devido à falta de recursos. Há dinheiro para manter o governo funcionando até a próxima sexta-feira (17) mas, depois dessa data, é possível que as atividades sejam paralisadas se não houver um acordo no Congresso.

Na Ásia, as ações da China terminaram sem direção comum nesta segunda-feira, enquanto o mercado de Hong Kong fechou em alta, já que a expectativa de uma cúpula entre os líderes das duas maiores economias do mundo nesta semana melhorou o sentimento de risco.

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, disse na sexta-feira (10) que concordou com o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, em “intensificar a comunicação” sobre questões econômicas.

Além disso, a China intensificará o monitoramento e a análise dos riscos sistêmicos do setor financeiro, dos bancos sem regulação e da inovação tecnológica financeira, informou o Banco do Povo da China (PBOC) nesta segunda-feira.

O banco central chinês vai lidar com os riscos das instituições financeiras de pequeno e médio porte em tempo hábil, disse em um artigo publicado em sua conta oficial no WeChat.

No Japão, o ministro das Finanças, Shunichi Suzuki, disse nesta segunda-feira que o governo continuará monitorando o mercado de câmbio e responderá de forma adequada, já que o iene se enfraqueceu ao seu nível mais baixo em mais de um ano, chegando a quase 152 por dólar.

Apesar do enfraquecimento da moeda para um nível que desencadeou a intervenção por meio de venda de dólares e compra de ienes pelas autoridades em outubro de 2022, Suzuki evitou frases que, no passado, sinalizaram intervenção.

O Hang Seng, de Hong Kong, valorizou 1,30%; e o BSE Sensex, de Mumbai, fechou o dia em queda de 0,50%. Já na China continental, o índice Shanghai ganhou 0,25%; e no Japão, o índice Nikkei avançou 0,05%.

Na Europa, o crescimento econômico da zona do euro permanecerá fraco no curto prazo à medida que os serviços e o mercado de trabalho enfraquecerem, mas as nações do bloco não devem liberar bancos de reservas discricionárias para aliviar os problemas, disse o vice-presidente do Banco Central Europeu, Luis de Guindos.

Alguns dos maiores países da zona do euro implementam os chamados “buffers” contracíclicos, uma medida que força os credores a reservarem mais capital durante períodos melhores, dinheiro que pode ser liberado quando o ciclo econômico mudar.

“As autoridades macroprudenciais devem preservar os ‘buffers’ de capital liberáveis para garantir que eles estejam disponíveis caso as condições do setor bancário se deteriorem”, disse de Guindos em um discurso nesta segunda-feira.

O Stoxx 600 ganhava 0,53%; na Alemanha, o DAX avançava 0,21%; o CAC 40 em alta de 0,30% na França; na Itália, o FTSE MIB sobe 0,92%; enquanto o FTSE 100 tem valorização de 0,64% no Reino Unido.

(Com Reuters)