Por que o valor da solana, favorita de Bankman-Fried, dobrou desde setembro

6 de novembro de 2023
REUTERS/Dado Ruvic

FTX: quebra da exchange em novembro de 2022 provocou fortes vendas de solanas, mas agora as cotações estão se recuperando

Uma das maiores vítimas do colapso da exchange FTX há pouco mais de um ano foi a solana (SOL), token do blockchain de mesmo nome. A FTX investiu pesadamente nessa moeda, acumulando um estoque de aproximadamente 65 milhões de solanas. Isso elevou as cotações para o recorde de US$ 259,96 e fez a posição valer US$ 2 bilhões, pouco antes de o império de Sam Bankman-Fried falir. No fim do ano passado, porém, a cotação caiu para US$ 9,96 e as moedas pertencentes à FTX passaram a valer US$ 650 milhões.

Bankman-Fried gostou de solana porque seu blockchain é muito mais rápido no processamento de transações do que o rival ethereum (ETH). “Pense em mim basicamente como um fã dessa tecnologia”, disse ele à Forbes em 2021. “As empresas de tecnologia precisariam ser capazes de processar de 100 mil a 10 milhões de transações por segundo, e a solana é um dos poucos blockchains capazes disso”, afirmou ele. O blockchain do ethereum processa cerca de 30 transações por segundo. Já o blockchain da solana já processa 4 mil e tem a capacidade teórica de chegar a 50 mil.

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Desde o início de setembro deste ano as cotações da solana mais que dobraram, passando de um mínimo de US$ 17,60 para os US$ 39,49 do domingo (5). Diversas notícias positivas fizeram as cotações subirem muito mais que a média do mercado, que registrou uma valorização de 28% nesse período. A maior alta foi do bitcoin, cujos preços subiram 35%.

A velocidade do blockchain da solana é útil para aplicações que exigem transações frequentes de baixo valor, como jogos e finanças descentralizadas. Isso o torna um candidato a se tornar o blockchain número 3, depois dos blockchains do bitcoin e do ethereum. A moeda solana tem atualmente um valor de mercado de US$ 16 bilhões, em comparação com US$ 689 bilhões do bitcoin e US$ 220 bilhões do ethereum.

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“Você tem o bitcoin, que é de longe a rede mais descentralizada, e depois o ethereum, que é menos descentralizado, mas pode fazer algumas coisas que o bitcoin não pode”, diz David Lawant, chefe de pesquisa da principal corretora de criptografia, FalconX. “Então você tem o solana, que é menos descentralizada que ethereum, pelo menos em alguns aspectos, mas é uma rede mais barata e mais rápida.”

O mercado de criptomoedas vem se recuperando lentamente da devastação de 2022, que culminou na falência da FTX após uma série de falências que apontaram falhas em muitas estruturas entre blockchain e empresas relacionadas. Com uma queda de mais de 60% em valor em relação ao máximo de US$ 3 trilhões em novembro de 2021, o colapso do mercado foi um pouco menos prejudicial para seus blue chips, bitcoin e Ethereum. Essas moedas eram vistas como portos relativamente seguros pelos investidores que ainda queriam criptomoedas, de acordo com Cosmo Jiang, gerente de portfólio da empresa de investimentos em blockchain Pantera Capital, na Califórnia.

Com a melhora do mercado, os investidores estão voltando sua atenção para moedas de segunda linha que parecem estar desvalorizadas sobrevendidas, diz Jiang. No caso do solana, houve várias boas notícias na conferência anual BreakPoint, realizada em Amsterdã esta semana.

Entre elas houve o início dos testes ao vivo do Firedancer, uma segunda rede validadora para solana que poderia aumentar a velocidade do hardware existente e adicionar resiliência à rede. Também ocorreu a integração com o data warehouse Google Cloud BigQuery, que pode ajudar os programadores a encontrar informações de blockchain rapidamente. E as notícias de que a Amazon Web Services agora está processando transações da solana, o que significa que os validadores podem contar com o gigante da infraestrutura em vez de terem de gastar com hardware.

Outro fator positivo é que solana melhorou suas operações de rede, com dias de inatividade ou desempenho prejudicado caindo para apenas um neste ano ante 14 em 2022. Grande parte do problema estava relacionada ao congestionamento ligado a questões de tokens não fungíveis (NFTs), diz Jiang, e ele foi resolvido limitando as transações em certas situações. A FTX provavelmente ainda vai vender algumas solanas, mas isso não deve pesar sobre as cotações.

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Spencer Hallarn, gestor do fundo de criptomoedas GSR, diz acreditar que os ganhos impressionantes da solana devem ser vistos como um indicador de que o mercado pode estar emergindo de seu inverno de dois anos. A perspectiva de que a Securities and Exchange Commission (SEC) americana, equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aprove Exchange Traded Funds (ETFs) de criptomoedas no mercado à vista deve aumentar a demanda por todos os ativos digitais. Ele também aponta para a força relativa das criptomoedas durante as hostilidades internacionais na Ucrânia e em Gaza.

“Acho que isso reforça essa narrativa do ouro digital em torno do bitcoin”, disse ele, referindo-se à ideia de que o token pode servir como reserva de valor. “Historicamente, uma vez que o bitcoin e o ethereum se valorizam, as altcoins começam a correr à frente desses dois ativos.”

A solana está longe de ser a única altcoin a ter visto um grande aumento. As cotações do stacks (STX), um projeto de camada 2 do blockchain que oferece contratos inteligentes, subiram 22% em outubro e 194% neste ano. E o chainlink (LINK), que é um projeto que fornece dados em tempo real para contratos inteligentes, aumentou 38% no mês e 96% no acumulado do ano. Link tem um valor de mercado de US$ 6 bilhões.