Ela afirmou também que credores que possuem 92% dessas dívidas concordaram com um plano de reestruturação que incluiria a redução da sua carteira de escritórios alugados e arrendados. “Como parte do pedido [de recuperação judicial], a WeWork está pedindo autorização para encerrar os arrendamentos de determinados locais que são em grande parte não operacionais, e todos os membros afetados receberam aviso prévio”, informou a companhia.
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“Estou profundamente grato pelo apoio dos nossos acionistas e demais partes interessadas enquanto trabalhamos juntos para fortalecer a nossa estrutura de capital e acelerar esse processo”, disse David Tolley, CEO da WeWork, num comunicado à imprensa. “Continuamos comprometidos em investir em nossos produtos, serviços e equipe de funcionários de classe mundial para apoiar nossa comunidade.
No Brasil, onde as atividades não serão afetadas pelo pedido de recuperação judicial, a WeWork anuncia 20 endereços em São Paulo, três no Rio de Janeiro, dois em Belo Horizonte e um em Porto Alegre.
Queda de 98%
A WeWork sofreu uma das quebras empresariais mais espetaculares da história recente dos Estados Unidos nos últimos anos. Avaliada em US$ 47 bilhões em 2019, quando tentou abrir capital sem sucesso, a empresa valia cerca de US$ 45 milhões na sexta-feira (3). As ações caíram mais de 98% desde o início do ano.
A WeWork vem enviando sinais de alerta há meses. Em março a empresa chegou a um acordo com um grande investidor, o conglomerado tecnológico japonês SoftBank, e outros, para reduzir significativamente a sua dívida e garantir novos financiamentos. Ainda assim, afirmou em agosto que havia “dúvidas substanciais” sobre a sua capacidade de permanecer no mercado. E em outubro ela informou que deixaria de honrar US$ 95 milhões em juros enquanto buscava reduzir os alugueis que pagava.
Startups e pandemia
A empresa se tornou um sinônimo de coworking, uma tendência que foi abraçada pelos millennials que faziam trabalho freelance ou iniciavam suas startups. A imagem de jovens trabalhadores com seus laptops em espaços de trabalho abertos ou em salas de reunião tornaram-se comuns. Os coworkings tornaram-se lugares para as pessoas conversarem e compartilharem ideias enquanto tomavam café gourmet.
A empresa expandiu-se vertiginosamente na década passada, abrindo filiais em São Francisco, Los Angeles, Seattle, Tel Aviv e Londres. Em agosto de 2019, quando tentou abrir capital pela primeira vez, ela era o maior inquilino privado de Manhattan e uma das startups mais valiosas em um momento do mercado no qual o dinheiro dos investidores do Vale do Silício parecia inesgotável para essas empresas recém-criadas.
Porém, quando os profissionais de Wall Street se debruçaram sobre os números, eles ficaram cientes dos problemas de governança e das enormes perdas financeiras da WeWork. A abertura de capital foi cancelada em setembro, e Neumann deixou o comando logo depois. Ele foi substituído por Sandeep Mathrani, executivo do mercado imobiliário que assumiu o cargo em fevereiro de 2020.
Mathrani supervisionou uma reestruturação no começo deste ano que reduziu as dívidas. Em maio ele deixou a empresa após supostamente ficar frustrado com o SoftBank. Em outubro, a WeWork anunciou um novo executivo-chefe, David Tolley, que já havia ocupado o cargo interinamente. “A WeWork tem uma base sólida, um negócio dinâmico e um futuro brilhante”, disse Tolley em comunicado na segunda-feira.