Bitcoin supera US$ 42 mil e deve manter tendência de alta

4 de dezembro de 2023
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Bitcoin: valorização vem ocorrendo desde outubro Fonte: Getty Images

As cotações do bitcoin (BTC) superaram US$ 42,2 mil durante a segunda-feira (4), maior nível desde abril de 2022 e com uma alta de 151% no acumulado do ano. Essa alta dos preços vem ocorrendo desde meados de outubro, quando as cotações do bitcoin oscilavam ao redor de US$ 28,5 mil. Com isso, a alta em pouco menos de dois meses foi de cerca de 47%.

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A valorização se estendeu para outros criptoativos. No ano, os preços do ether (ETH), segunda criptomoeda mais negociada, avançaram 74,2%. Desde o fim de outubro, a alta acumulada é de 40,2%. E os ganhos do bitcoin impulsionaram as ações de empresas relacionadas a criptomoedas listadas nos Estados Unidos.

As ações da exchance Coinbase saltaram 6,5%. As cotações das mineradoras de bitcoins Riot Platforms, Marathon Digital e CleanSpark subiram de 8% a 11%.

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Para os especialistas é possível esperar uma continuidade desse processo de valorização. Há tanto razões macroeconômicas quanto mudanças na estrutura do mercado para explicar esse desempenho.

Juros em queda

Começando pelas razões macroeconômicas. As declarações de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (FED), o banco central americano, na sexta-feira (1) sobre o cenário da inflação nos Estados Unidos levaram o mercado a esperar não só uma estabilidade dos juros americanos, mas o começo do afrouxamento da política monetária ainda no primeiro semestre de 2024.

Com isso, cresce a atratividade de ativos de risco, como por exemplo as ações de empresas de tecnologia. Desde o fim de outubro, o índice de ações Nasdaq, que concentra empresas do setor, já acumula uma valorização de 13,1%. “A expectativa de baixa dos juros em um horizonte previsível vem sustentando a alta das criptomoedas”, diz Luísa Pires, head de criptoativos e tecnologia da casa de análise independente Levante Ideias de Investimentos.

Aumento da demanda

Além do cenário econômico, mudanças estruturais no mercado vêm elevando as cotações. Após uma prolongada disputa legal entre a Securities And Exchange Comission (SEC), equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e a gestora de recursos americana Grayscale, o lançamento de um Exchange Traded Fund (ETF) de bitcoin à vista é tido como praticamente certo para o primeiro trimestre de 2024.

O lançamento de um ETF de moedas à vista é considerado um divisor de águas nesse mercado, apesar de já haver vários ETFs de derivativos de criptomoedas. Ele deverá criar uma demanda sustentada por bitcoin e eventualmente outras criptomoedas. O mercado está antecipando esse movimento e os preços já estão subindo há algumas semanas.

Também há uma escassez de demanda. “O estoque atual de bitcoin disponível nas exchanges chegou aos menores níveis em cinco anos, e é altamente provável que ocorra um forte desequilíbrio entre oferta e demanda”, diz Felipe Martorano, analista de criptomoedas da VG Research. “Isso deverá impulsionar positivamente os preços do bitcoin e de outras criptomoedas.”

A expectativa não é apenas de novidades com o bitcoin. A americana BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, com US$ 9,5 trilhões em ativos sob gestão, informou no início de novembro que está trabalhando em um ETF de ether à vista, movimento seguido de perto pela Nasdaq. Assim como no caso do bitcoin, já existem vários ETFs de ether baseados em derivativos. “Quando aprovados, esses ETFs deverão criar uma demanda cativa por criptoativos, e o mercado antecipa esses movimentos”, diz Luísa Pires, da Levante.

Halving

Outro motivo para a alta sustentada das cotações do bitcoin é o chamado “halving”.  Ele é um evento predeterminado no sistema do bitcoin. Segundo Martorando, ele ocorre aproximadamente a cada quatro anos, quando são minerados 210 mil blocos no protocolo da criptomoeda. Quando ocorre o halving, a recompensa concedida aos mineradores por validar transações e adicionar blocos à blockchain é reduzida pela metade. “Esse processo vai se repetir até que sejam minerados 21 milhões de bitcoins, o que deve ocorrer por volta do ano 2140, diz Martorano. E a menor taxa de criação de bitcoins eleva a escassez e os preços.