PIB do Brasil surpreende no 3º tri, mas agronegócio desafia crescimento em 2024

5 de dezembro de 2023
Getty Images

Segundo especialistas, o PIB do Brasil em 2024 deve apresentar um crescimento menos expressivo, com taxas variando entre 1% e 1,5%

Apesar do crescimento positivo da economia brasileira no terceiro trimestre deste ano, as perspectivas para o próximo ano não são tão animadoras. O agronegócio já vem enfrentando obstáculos para o crescimento econômico, conforme o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (5).

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O PIB do Brasil apresentou uma expansão de 0,1% no terceiro trimestre em comparação aos três meses anteriores, surpreendendo as expectativas do mercado que previam uma queda de 0,2%. No entanto, o setor agropecuário recuou 3,3% em relação ao trimestre anterior. É válido lembrar que esse setor contribui com um quarto do crescimento nacional.

O desempenho do agro está diretamente vinculado às condições climáticas, que não estão favoráveis. As temperaturas recordes, a seca na região Centro-Oeste e o excesso de chuvas na região Sul estão prejudicando as colheitas. A projeção é de que a receita agrícola diminua 1% em 2024 em comparação com 2023, conforme a análise da equipe da MacroSector Consultores. A expectativa é que o valor atinja R$ 944 bilhões, frustrando a estimativa do mercado de superar a marca de R$ 1 trilhão de receita.

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Segundo William Jackson, economista-chefe da Capital Economics, embora a economia do Brasil tenha tido um desempenho melhor do que o esperado no terceiro trimestre, o panorama geral sugere que o forte crescimento observado no passado está perdendo força.

“A agricultura representou um obstáculo ao crescimento no terceiro trimestre, visto que a colheita abundante do início do ano foi parcialmente revertida”, destaca o economista-chefe. “É desafiador prever o que ocorrerá no futuro, dada a volatilidade na produção do setor agrícola.”

Segundo Jackson, o PIB do Brasil em 2024 deve apresentar um crescimento menos expressivo, com taxas semelhantes às registradas nos anos anteriores à pandemia, variando entre 1% e 1,5%, alinhando-se à previsão dos economistas consultados pelo Banco Central. Enquanto o governo brasileiro espera uma expansão de 2,3%, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) projeta um crescimento de 2%.

Todos esses indicadores apontam para um recuo na economia brasileira no próximo ano, considerando que, apenas na análise anual, o PIB acumulado em quatro trimestres teve alta de 3,1%. No acumulado dos nove meses de 2023, o ganho foi de 3,2% em relação ao mesmo período do ano passado.