Com Comunicado “otimista”, Copom confirma projeções e reduz Selic a 11,25%

31 de janeiro de 2024

Fachada do Banco Central: atenção à comunicação sobre a trajetória futura dos juros

Fachada do Banco Central (BC) em Brasília: reunião confirmou as expectativas do mercado. Foto: Amanda Perobelli/Reuters 

Confirmando as expectativas, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa de juros referencial Selic em 0,50 ponto percentual, para 11,25% ao ano. Com isso, os juros referenciais estão no menor nível desde março de 2022.

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Ao comentar a decisão no Comunicado divulgado após a reunião, o Comitê informou que a determinação dos “bancos centrais das principais economias” em “promover a convergência da inflação para as metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho” exige “cautela” dos países emergentes.

No cenário doméstico, o Comitê avaliou que os indicadores econômicos seguem “consistentes com o cenário de desaceleração da economia antecipado pelo Copom”, e que “a inflação cheia ao consumidor (…) manteve trajetória de desinflação, assim como as medidas de inflação subjacente, que se aproximam da meta”.

Inflação

No Comunicado, o Copom manteve suas expectativas de inflação inalteradas em 3,5% para 2024 e 3,2% para 2025, dentro dos limites de tolerância para as metas. No entanto, o Comitê está mais otimista com a expectativa para os preços administrados (de serviços públicos) no curto prazo. A meta para 2024 caiu para 4,2% ante os 4,5% da reunião anterior. No entanto, a expectativa para 2025 subiu para 3,8% ante os 3,6% da reunião anterior.

O Comitê manteve a avaliação de que há riscos de alta para a inflação decorrentes da inflação global e do aumento dos preços dos serviços, advertências que constaram do Comunicado e da Ata da reunião anterior. Além disso, o texto manteve a expressão “serenidade e moderação” como necessárias para a condução da política monetária.

Cortes futuros

Ao comentar o corte de 0,50 ponto percentual, o Comunicado informou que os “membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões” e também avaliam que “esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.

Segundo Luan Alves, analista-chefe da gestora de recursos VG Research, ao colocar “reuniões”, no plural, o Comitê praticamente contratou mais dois cortes de juros de 0,50 ponto percentual. “Isso reforça o cenário de uma Selic em 10,25% ao ano ainda em maio de 2024”, diz ele. Para Alves, a dúvida do mercado era se o BC manteria ou não a garantia dos cortes. “Ao manter esse texto, o Copom indicou que suas projeções de inflação e de câmbio estão alinhadas com as do mercado”, diz ele. “O Ibovespa teve um bom desempenho nesta quarta-feira e operou sem correlação com as bolsas globais, já na expectativa dessa sinalização.”

Já Vinicius Moura, economista da Matriz Capital, considera o Comunicado “muito otimista, por ter vindo muito parecido com o Comunicado anterior”, e avalia que o texto está em linha com o movimento de desinflação corrente. Moura diz acreditar que o mercado pode reagir bem na quinta-feira (1) devido à previsibilidade do que foi divulgado.

Danilo Passos, economista da WHG, avalia que o Comunicado mostra um Copom “confortável” com o ritmo de cortes indicado, o que permite antecipar a continuidade do ciclo de baixa. “Será preciso uma mudança muito expressiva do cenário para tirar o Copom desse ciclo de baixa.”

Investimentos

Segundo Vinicius Romano, especialista em Renda Fixa da Suno Research, apesar da queda da Selic, os juros estão elevados o suficiente para proporcionar uma boa relação entre risco e retorno nas aplicações de renda fixa, especialmente os títulos pós-fixados. “Eles praticamente não sofrem com marcação a mercado e são positivamente impactados pelo alto nível da taxa básica de juros”, diz Romano.

Romano avalia que os títulos indexados à inflação com vencimentos no médio e no longo prazos “ainda proporcionam uma remuneração interessante aos investidores, com um juro real médio de 5,60% ao ano sem risco de crédito”, por se tratar de títulos públicos.