Plano do Bradesco: investimento maciço em tecnologia e contratação de 4 mil pessoas de TI

7 de fevereiro de 2024

Marcelo Noronha, CEO: reorganização para tornar o banco mais competitivo. Foto: Egberto Nogueira / Divulgação

O Bradesco (BBDC4) divulgou na manhã desta quarta-feira (7) um resultado fraco referente ao quarto trimestre e ao ano de 2023. No quarto trimestre, o lucro líquido recorrente foi de R$ 2,878 bilhões, queda de 37,7% ante o trimestre anterior. Em 12 meses, o lucro líquido foi de R$ 16,3 bilhões, queda de 21,2% ante os R$ 20,68 bilhões de 2022.

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Segundo Marcelo Noronha, CEO do Bradesco, a queda dos resultados deveu-se ao aumento da inadimplência e a um reforço nas provisões para dois casos de empréstimos corporativos. Esse aumento foi realizado no último trimestre do ano passado, e não tem relação com a fraude contábil da Americanas (AMER3). Segundo Noronha, o caso Americanas já está “plenamente provisionado”.

Noronha reconheceu que “esse não é o resultado que gostaríamos de entregar” aos acionistas, mas afirmou que 2024 será um ano de transição, com recuperação gradual da inadimplência, melhora das margens com clientes e recuperação da rentabilidade

Plano estratégico

O banco divulgou também um plano estratégico de melhora do desempenho. Segundo Noronha, o banco não pretende reinventar a roda. “Não vamos concorrer com o Elon Musk e tentar mandar foguete para Marte”, disse ele. Porém, o plano de cinco anos inclui investimentos maciços em tecnologia, com a contratação de 3 mil a 4 mil profissionais de TI nesse período. “Fizemos a conta e percebemos que a diferença de retorno é brutal em favor dos profissionais contratados”, diz ele.

A tecnologia será essencial para melhorar a rentabilidade do varejo massificado. Para o Bradesco, isso inclui os clientes com renda mensal de até R$ 8 mil. “O mercado bancário brasileiro movimenta receitas de R$ 1,3 trilhão por ano, e o varejo massificado representa de 30% a 40% desse total”, diz ele. “Temos 60 milhões de clientes nesse segmento, e o desafio do atendimento é o custo.”

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O banco cindiu a área de varejo, criando uma unidade de Negócios Digitais para unificar as iniciativas. Atualmente, 45% das operações comerciais já são processadas na computação em nuvem, e a meta é que esse percentual chegue a 75% até o fim do ano que vem. “Vamos detalhar o varejo digital do varejo físico, para melhorar a competitividade”, diz Noronha.

Para isso, o Bradesco rompeu com um de seus paradigmas e está recrutando executivos de mercado. Especificamente, um profissional para cuidar da área de Recursos Humanos. Além disso, o banco reduziu de seis para três os níveis hierárquicos da área executiva, para tornar a gestão mais eficiente. Ele acrescentou que o banco tem pressa. “Poderíamos ter lançado esse processo depois, quando a inadimplência já estivesse equacionada, mas preferimos lançar isso agora.”

A reação do mercado aos resultados foi negativa. Às 11h30 da quarta-feira as ações do Bradesco recuavam 11,5% devido à queda dos resultados. Segundo Noronha, o resultado do trimestre foi desafiador “e é natural que os analistas façam suas valuations”.

Oferta pública da Cielo

Segundo Noronha, a proposta do Bradesco e do Banco do Brasil (BBAS3) de fechar o capital da empresa de adquirência Cielo (CIEL3), anunciada na noite da terça-feira (5), vai ao encontro da estratégia de melhorar os negócios com pequenas e médias empresas. “Com uma Cielo de capital fechado nós poderemos estabelecer metas diferentes de uma empresa de capital aberto”, disse ele, que afirmou esperar concluir o processo em 15o dias.

Cassiano Scarpelli, CFO do banco, disse acreditar que a a maior parte dos minoritários deve aceitar a proposta. “É natural que haja questionamentos, mas acho que a maior parte não vai querer ficar em uma empresa de capital fechado”, disse ele.