Vale compra 15% do Minas-Rio da Anglo American; produção no ativo poderia dobrar

22 de fevereiro de 2024

Mesmo com a aquisição da Vale, a Anglo American continuará a controlar, gerenciar e operar Minas-Rio, incluindo qualquer futura expansão

A Vale informou nesta quinta-feira (22) que fechou um acordo com a Anglo American para adquirir 15% de participação no complexo Minas-Rio e estabelecer uma parceria no ativo, em operação que contará com recursos de minério de ferro da companhia brasileira do depósito de Serra da Serpentina.

O negócio envolve um desembolso de caixa de R$ 157,5 milhões, sujeito a ajustes da dívida líquida e à variação do capital de giro na data do fechamento. Um ajuste no valor de pagamento será realizado para a Anglo American ou Vale, dependendo da variação do preço do minério de ferro.

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A Anglo American continuará a controlar, gerenciar e operar Minas-Rio, incluindo qualquer futura expansão.

Segundo o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, Minas-Rio vai se beneficiar de grandes sinergias com o depósito de Serpentina, enquanto uma possível expansão futura poderá contar com a logística da empresa brasileira.

“Estamos confiantes de que essa parceria destravará valor significativo para todos os nossos stakeholders. Nós planejamos destinar nossa parcela do pellet feed de alta qualidade para nossas plantas de pelotas no Brasil e, no futuro, para os Mega Hubs, produzindo briquetes de minério de ferro”, disse Bartolomeo.

O depósito da Serra da Serpentina é contínuo ao complexo Minas-Rio e possui recursos estimados em 4,3 bilhões de toneladas, o que “oferece consideráveis oportunidades de expansão, incluindo o potencial para duplicar a produção, que Anglo American e Vale avaliarão nos termos da transação”, conforme nota divulgada pela companhia nesta quinta-feira.

Minas-Rio é uma operação integrada de minério de ferro com capacidade nominal de produção de pellet feed de alta qualidade de 26,5 milhões de toneladas por ano e com potencial de expansão para até 31 milhões de toneladas na configuração atual.

“A escala e a qualidade do corpo mineral de Serpentina oferecem valor significativo, incluindo a possibilidade de expandir a produção de produtos de pellet feed de qualidade superior que vendemos aos clientes da siderurgia, uma vez que estes focam na descarbonização de seus próprios processos nas próximas décadas”, disse o presidente global da Anglo American, Duncan Wanblad.

Após a conclusão da transação, prevista para o quarto trimestre deste ano, a Vale receberá sua parcela proporcional da produção do Minas-Rio.

Expansões e logística

A mineradora terá ainda uma opção de compra de mais 15% na operação ampliada de Minas-Rio, mediante desembolso de caixa e ocorrência de eventos relacionados à futura expansão do complexo, como recebimento da licença ambiental.

A operação de Minas-Rio ampliada terá a opção de utilizar a linha férrea próxima da Vale e o porto de Tubarão (ES) para transportar a produção expandida como uma alternativa à construção de um segundo mineroduto para a atual instalação portuária da Anglo American no Açu.

“Todas as soluções logísticas viáveis serão consideradas e avaliadas durante a pré-viabilidade”, disse a Vale em nota.

O mineroduto Minas-Rio existente cruza a rede ferroviária da Vale a jusante do ativo da Anglo American, “permitindo que um segundo mineroduto muito mais curto se conecte com a ferrovia Vitória-Minas até o porto de Tubarão”.

A transação não inclui ou afeta a participação de 50% da Anglo American na unidade de exportação do minério de ferro no Porto do Açu, esclareceu a Vale.

Segundo comentário do Itaú BBA, o acordo é “pequeno, mas estrategicamente positivo”.

“Em nossa opinião, esta transação está alinhada aos esforços da Vale para melhorar a qualidade média de seu portfólio, dada a alta qualidade do material produzido pela Minas Rio (pellet feed)”, disseram os analistas, acrescentando que ativo Serpentina, que será cedido à Anglo American, não era um projeto próximo a ser desenvolvido pela Vale.

“Portanto, na nossa opinião, parece ser uma decisão estrategicamente acertada rentabilizar esse ativo. O impacto da operação no desembolso de caixa e na alavancagem é insignificante”, comentou o Itaú BBA em relatório.

A Vale seria responsável por 15% do investimento futuro, que provavelmente incluiria aportes na logística, seja em um mineroduto ou um ramal ferroviário mais curto para conectar à ferrovia, segundo o banco de investimento.