Taxa de desemprego no Brasil sobe menos que o esperado no 1º trimestre

30 de abril de 2024

O resultado ficou abaixo dos 14,4% vistos no trimestre anterior, de junho a agosto, e mostrou também arrefecimento sobre a taxa de 14,3% nos três meses encerrados em outubro

Amanda Perobelli/Reuters

O mercado de trabalho brasileiro vem refletindo um desempenho forte da atividade econômica, o que dá suporte ao consumo das famílias.

A taxa de desemprego no Brasil subiu e encerrou o primeiro trimestre a 7,9% diante do aumento no número de pessoas em busca de trabalho e da redução do contingente de empregados, em um movimento sazonal, mas ainda ficou abaixo do esperado, enquanto a renda aumentou.

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O resultado divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira mostrou alta em relação ao quarto trimestre de 2023, quando a taxa de desemprego havia ficado em 7,4%, mas ficou abaixo do primeiro trimestre do ano passado, de 8,8%.

A taxa de desemprego da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) foi a menor já registrada para um trimestre encerrado em março desde 2014, quando foi de 7,2%. Também ficou abaixo da expectativa apontada em pesquisa da Reuters com economistas, de 8,1%.

Já o rendimento médio das pessoas ocupadas chegou a  R$ 3.123 , o que representa uma alta de 1,5% na comparação trimestral e de 4,0% na anual.

O mercado de trabalho brasileiro vem refletindo um desempenho forte da atividade econômica, o que dá suporte ao consumo das famílias, destacadamente no setor de serviços.

Isso, no entanto, acende um sinal de alerta para a inflação de serviços, ponto que o Banco Central já vem ressaltando há algum tempo.

“De modo geral, a leitura qualitativa do indicador é de que o mercado de trabalho segue forte e com uma composição saudável, recuperando suas características intrínsecas, que agora estão com um desemprego estrutural mais baixo”, avaliou Igor Cadilhac, economista do PicPay

Ele lembrou no entanto que os efeitos defasados da política monetária restritiva ainda podem contribuir para uma desaceleração da atividade econômica e um consequente aumento da taxa de desemprego, mas ainda em patamares historicamente baixos.

No primeiro trimestre, a chamada população desocupada subiu 6,7% frente ao trimestre encerrado em dezembro de 2023, um aumento de 542 mil pessoas em busca de trabalho, atingido um total de 8,623 milhões de pessoas. Apesar disso, a população desocupada está 8,6% abaixo do contingente registrado no mesmo trimestre de 2023.

Já o total de ocupados recuou 0,8% na comparação trimestral e chegou a 100,203 milhões, mas está 2,4% acima do número de trabalhadores registrados no primeiro trimestre do ano passado.

“Esse movimento de alta do desemprego é típico do começo de cada ano, sempre há dispensa de temporários. Não há uma piora no mercado, até porque houve perda de ocupação mas ainda assim a população com carteira ficou constante e a perda de ocupação não foi com redução da formalidade, e sim pela informalidade”, explicou Adriana Beringuy, coordenadora do IBGE.

O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado não teve variação significativa na comparação com o trimestre anterior, de acordo com o IBGE, permanecendo em 37,984 milhões.

“A estabilidade do emprego com carteira no setor privado, em um trimestre de redução da ocupação como um todo, é uma sinalização importante de manutenção de ganhos na formalização da população ocupada”, destacou Beringuy.