O CEO Thomas Gayner tornou a seguradora Markel uma mini Berkshire Hathaway (Foto: Cameron Davidson, Forbes)
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Quarenta anos depois, Gayner, 62 anos, construiu uma carreira impressionante rezando no altar de Buffett. Embora ele ainda se considere um idiota por não ter comprado ações da Berkshire Hathaway em 1984, quando elas eram vendidas a US$ 1.275 (atualmente são negociadas por US$ 612,5 mil, ou R$ 3,14 milhões), seu estudo sobre Buffett o levou, em 1986, a investir em uma empresa familiar pouco conhecida, uma seguradora chamada Markel.
Gayner achava que Markel poderia fazer por Richmond o que a Berkshire fez por Omaha. A Davenport ajudou no IPO de US$ 30 milhões do Markel Group em 1986, e Gayner tornou-se amigo de Steve Markel, neto do fundador da empresa. Steve, agora presidente, abraçou a ideia pouco ortodoxa de utilizar os lucros do IPO para investir em ações negociadas em bolsa e em participações em empresas privadas. Ainda hoje, a maioria das seguradoras é avessa ao risco e mantém suas reservas na renda fixa.
Porém a Markel só decolou em 2005, quando uma proposta para comprar a AMF Systems, uma empresa de fornecimento de equipamentos de panificação com sede em Richmond, praticamente caiu no colo de Gayner. Ele já estava na Markel há 15 anos, “com o modelo da Berkshire sempre em mente”, quando Ken Newsome, amigo da igreja e CEO da AMF, o abordou porque os investidores em private equity que tinham o controle queriam vender a empresa. “O capital privado não se preocupa com a alma de uma empresa”, diz Newsome.
Gayner estudou os livros da AMF e concluiu que era “uma boa empresa com um balanço patrimonial ruim”. Markel, na sua primeira aquisição, comprou 80% da AMF por cerca de US$ 14 milhões, pagou a sua dívida e prometeu manter a empresa “para sempre”. Newsome diz que a receita da AMF aumentou oito vezes desde então.
Hoje, o Markel Group tem “três motores”, diz Gayner: subscrição de seguros, investimento em ações e aquisição do controle em empresas fechadas, por meio de uma subsidiária chamada Markel Ventures.
O fluxo de caixa, incluindo US$ 30 bilhões no chamado float, proveniente dos motores de Markel, permite a Gayner trabalhar com o que chama de capital permanente. “Estou jogando um jogo diferente do da maioria das pessoas em investimentos”, diz ele. “A capacidade de investir com um horizonte de longo prazo e não se preocupar com preocupações diárias de liquidez é uma vantagem.”
A AMF atendeu aos quatro critérios de aquisição de Markel: uma equipe de gestão com talento e integridade; opções de reinvestimento; retorno sobre o capital que não depende de dívidas; e um preço justo. “Não tire vantagem de ninguém, mesmo que possa”, diz Gayner. “É um bom carma – e uma boa maneira de conseguir referências futuras.”
Desde 2005, a Markel Ventures gastou US$ 3,7 bilhões em aquisições. No ano passado, sua receita subiu 5%, para US$ 5 bilhões, e o fluxo de caixa (Ebidta) foi de US$ 628 milhões, um aumento de 24%. Ela possui participações em 19 empresas, incluindo a Brahmin, uma designer de bolsas de luxo com sede em Boston; a Buckner Heavy Lift Cranes da Carolina do Norte e a Costa Farms, uma produtora de plantas ornamentais.
Gayner reclama que os investidores subestimam Markel porque isso não é convencional. Hoje em dia, o seu motor mais fraco é a subscrição de seguros. O analista da Morningstar, Brett Horn, diz que Markel não tem cobrado o suficiente, mas aplaude a escolha de ações de Gayner, que superou o S&P 500 nos últimos dez anos. Além das ações da Berkshire, as grandes participações da Markel incluem a Alphabet, a Amazon e a Deere & Co. A Markel aumentou o seu valor por ação numa média de 11% ao ano durante 20 anos.
Tal como o Oráculo de Omaha, Gayner favorece as recompras. Nos últimos dois anos, Markel gastou US$ 700 milhões na recompra de ações e autorizou até US$ 750 milhões para 2024. “Ao ritmo atual de recompra, em 15 anos teremos recomprado metade das ações em circulação e, em 30 anos, todas elas”, brinca Gayner, cuja participação pessoal na Markel é de US$ 89 milhões. “E daqui a 30 anos, ainda serei mais jovem do que Buffett é agora.”