Ibovespa abre em queda à espera do Copom

8 de maio de 2024

O Ibovespa opera em queda de 0,84% na abertura do pregão desta quarta-feira (8), a 128.119 pontos perto das 10h10, horário de Brasília. As expectativas ficam em torno da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que será divulgada ao mercado após o fechamento.

Se forem confirmadas as projeções da vasta maioria dos profissionais de mercado, o Comitê deverá confirmar a adoção de uma abordagem mais austera na política monetária. As declarações mais recentes de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC) e as próprias expectativas do mercado reunidas semanalmente no Relatório Focus mostram a expectativa de uma desaceleração no corte dos juros.

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O dólar avançava 0,66% ante o real por volta das 10h10. A moeda era negociada a R$ 5,1005.

O setor de varejo no Brasil encerrou o primeiro trimestre com estabilidade das vendas em março em relação ao mês anterior, em resultado que contrariou as expectativas de leve retração depois de dois meses de altas.

O dado informado nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi melhor do que a expectativa em pesquisa da Reuters de queda de 0,1% no mês.

Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve aumento de 5,7%, contra projeção de alta 5,05% nessa base de comparação.

De forma geral, o varejo tende a apresentar resultado positivo neste ano, favorecido por um mercado de trabalho aquecido, aumento da massa salarial, inflação controlada e redução dos juros, o que beneficia principalmente atividades ligadas ao crédito.

No entanto, em março, entre as oito atividades pesquisadas, sete apresentaram resultado negativo. A maior queda foi em Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação, de 8,7%, em resultado influenciado pela valorização do dólar.

O Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) passou a subir 0,72% em abril, uma reversão expressiva ante a queda de 0,30% no mês anterior, embora o resultado tenha ficado exatamente em linha com as expectativas, mostraram dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta quarta-feira.

Economistas consultados pela Reuters previam avanço também de 0,72%. Com o resultado do mês passado o índice passou a acumular em 12 meses queda de 2,32%, desacelerando as perdas ante a baixa de 4,00% vista no acumulado do ano findo em março.

O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-DI), que responde por 60% do indicador geral, subiu 0,84% em abril, contra queda de 0,50% registrada no mês anterior.

No cenário corporativo, as importações de minério de ferro pela China, o maior comprador do mundo, devem ficar em torno de 1,170 a 1,180 bilhão de toneladas em 2024, semelhantes ao 1,18 bilhão de toneladas do ano passado, disse um executivo da mineradora Vale na quarta-feira.

“No curto prazo, ainda estamos vendo uma forte resiliência na economia chinesa, embora o mercado imobiliário esteja desacelerando nos próximos anos”, disse Eduardo Mello Franco, gerente de marketing para precificação da Vale, em uma conferência do setor em Cingapura.

“Vemos que a infraestrutura, por exemplo, ainda está crescendo muito na China”, disse ele, acrescentando que o setor manufatureiro também está “tendo um desempenho muito bom na China”.

A Ambev (ABEV3) anunciou nesta quarta-feira (8) lucro líquido no primeiro trimestre mais alto que o esperado, a R$ 3,8 bilhões, praticamente estável sobre o desempenho de um ano antes e com um volume de vendas semelhante no período. Analistas esperavam lucro líquido de R$ 3,44 bilhões, segundo dados da Refinitiv.

Mercados internacionais

Na Ásia, as ações da China e de Hong Kong caíram nesta quarta-feira, lideradas por um declínio no setor imobiliário, já que o sentimento do mercado pareceu esfriar após uma forte alta.

O enfraquecimento também se seguiu a comentários de uma autoridade do Federal Reserve de que o banco central dos EUA pode manter os juros durante todo o ano para combater a inflação, colocando pressão sobre as ações asiáticas em geral.

O Banco do Japão poderá adotar medidas de política monetária se as perdas do iene afetarem os preços de forma significativa, disse seu presidente, Kazuo Ueda, nesta quarta-feira, oferecendo a mais forte sugestão até o momento de que as quedas implacáveis da moeda poderão desencadear outro aumento da taxa de juros.

Ueda também disse que o banco central (conhecido como BOJ) poderia aumentar as taxas de juros mais cedo do que o esperado se a inflação ultrapassar suas previsões ou se os riscos para as perspectivas de preços aumentarem.

Nesta quarta-feira, o Ministro das Finanças do país, Shunichi Suzuki, expressou “forte preocupação” com o impacto negativo de um iene fraco, como o aumento dos custos de importação, e reiterou a disposição de Tóquio de intervir no mercado para sustentar a moeda.

O presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, disse nesta quarta-feira que o banco central aumentará as taxas de juros se a tendência da inflação acelerar de acordo com as projeções atuais do banco.

“Se a inflação ultrapassar nossas projeções ou se os riscos de alta se tornarem elevados, será apropriado que ajustemos as taxas de juros mais cedo”, disse Ueda em um discurso.

O Hang Seng, de Hong Kong, desvalorizou 0,90%; e o BSE Sensex, de Mumbai, fechou o dia em queda de 0,06%. Já na China continental, o índice Shanghai perdeu 0,61%; e no Japão, o índice Nikkei recuou 1,63%.

Na Europa, a produção industrial da Alemanha diminuiu em março, embora menos do que o esperado graças à construção, mostraram dados do escritório federal de estatísticas nesta quarta-feira.

A produção industrial caiu 0,4% em relação a fevereiro, um declínio menor do que a queda de 0,6% prevista pelos analistas consultados pela Reuters.

“A nova contração da produção industrial em março, após dois meses de expansão, é um lembrete de que a economia alemã ainda está em dificuldades”, disse Franziska Palmas, economista sênior para a Europa da Capital Economics.

A Europa precisa evitar que a China inunde o mercado do bloco com veículos elétricos subsidiados em massa, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Berlim, nesta quarta-feira.

“A concorrência justa é boa. O que não gostamos é quando a China inunda nosso mercado com carros elétricos altamente subsidiados. E temos que lidar com isso, temos que proteger nossa indústria”, disse von der Leyen, que se reuniu com
o presidente chinês Xi Jinping, junto com o presidente francês Emmanuel Macron no início desta semana.

O Stoxx 600 ganhava 0,05%; na Alemanha, o DAX avançava 0,02%; o CAC 40 em alta de 0,50% na França; na Itália, o FTSE MIB perde 0,69%; enquanto o FTSE 100 tem valorização de 0,19% no Reino Unido.

(Com Reuters)