Com dois diplomas no currículo (um de artes cênicas pela Casa das Artes de Laranjeiras, outro de filosofia pela PUC, do Rio), Lize iniciou seu caminho na pintura há cinco anos, atividade para a qual se dedica integralmente há três. “Comecei a pintar porque preciso de um escape criativo. Eu nunca tinha me sentido tão completa. Parece clichê, mas é verdade”.
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Chama atenção o uso de cores vivas, inclusive nas peles. “A série é sobre o ciclo da vida, e a gente está perecendo dia após dia. Isso não é necessariamente negativo, mas nos incentiva a aproveitar o tempo que temos, que é limitada”, revela.
Além de produzir, Lize também coleciona arte, mas apenas obras de artistas mulheres – o que, segundo ela, é uma escolha consciente para a mudança numa área ainda muito dominada pelo masculino.
A seguir, Lize responde ao questionário de “A Mulher de Sucesso”
O sucesso, primeiro de tudo, depende da sua etapa de vida. Quanto mais velha a gente vai ficando, vai lembrando que sucesso é ter tempo e saúde, os maiores privilégios da vida. Sucesso é você poder usar seu tempo e saúde com coisas que te fazem bem. E, se você conseguir encontrar isso profissionalmente, também será um sucesso. Ser bem sucedido não é sinônimo de sucesso.
Qual pessoa, para você, traduz a ideia de sucesso atualmente? Por quê?
A [artista] Marina Simão, uma amiga que está indo bem na carreira dela e é super confortável na própria pele! Admiro muito ela.
A gente vive numa sociedade que ainda é muito machista. A mulher ter sucesso tem que ter perseverança e coragem de ir contra os padrões.
Qual o melhor conselho, pessoal ou profissional, que você já ouviu na sua vida?
“Quanto mais você pratica, mais sorte você tem”. É uma frase muito boa. Eu acredito em sorte e destino, mas você tem que se ajudar.
Hoje em dia o meu ateliê é na minha casa. Eu tenho um estúdio que dá para um jardim – ele é todo de vidro e tem muitas telas – tem muita tinta, uma bagunça organizada. É uma bagunça que não acho uma bagunça, mas se alguém mexe vira uma bagunça [risos].
Uma coisa que você mudaria sobre a sua profissão?
Eu também coleciono e faço questão de colecionar só artistas mulheres. Hoje em dia já temos um espaço maior, mas ainda é pouco – há ainda bastante desequilíbrio, eu mudaria isso.
Tenho vários, mas eu tenho e depois acho que não foi uma ideia tão boa. Tenho três ideias de próximas séries, mas escolhi que a próxima vai ser uma série de retratos da minha mãe, porque faz 10 anos que ela morreu. E tem tudo a ver com o meu trabalho, que é sobre a mulher, maternidade… É um assunto que me interessa muito.
Qual foi o maior desafio da sua carreira profissional?
Quando a minha mãe faleceu eu estava começando o meu mestrado, e foi muito difícil continuar. Me orgulho de ter conseguido terminá-lo.
É humano ficar chateado quando as coisas não saem como a gente planejou, tanto no pessoal quanto no profissional. Talvez o segredo seja não criar tanta expectativa. Existe uma grande diferença entre expectativa e esperança – então ter esperança ao invés de expectativa é um bom caminho.
Do que você abriu mão na vida pessoal, em nome do nome do sucesso profissional?
Já deixei de fazer muita coisa em nome da vida profissional. Sempre fui muito focada, mas você precisa de uma certa maturidade para cada etapa da sua vida. A carreira para mim sempre foi muito importante, mas com equilíbrio.
Eu não vou abrir mão dos meus valores, porque aí para mim já não é sucesso. Hoje, me imagino como uma artista prolífica. Faço uma série com essa estética e quero manter a minha identidade. Acho interessante, por exemplo, como Adriana Varejão que está sempre experimentando e não fica em um determinado “molde” de sucesso. Eu não tenho vontade e não me vejo fazendo algo repetitivo porque aquilo deu certo. Isso é se acomodar no seu sucesso.
Skeleton Closet
Data: 20 de outubro a 03 de dezembro
Local: Galeria Simões de Assis
Endereço: Rua Sarandi, 113a – Cerqueira César, São Paulo
Entrada gratuita
Donata Meirelles é consultora de estilo e atua há 30 anos no mundo da moda e do lifestyle.
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