Entre esses movimentos inimagináveis? Harry Styles usando um colar de pérolas no qual se lia “Golden”, personalizado pela Éliou para o clipe da música de mesmo nome. No vídeo, vários outros colares da marca também aparecem no vídeo.
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“Descobrimos isso dois meses depois, no mesmo dia que todo mundo viu os clipes”, acrescentou Mantilla.
Esse acontecimento marcou o início de uma relação entre o cantor e Éliou de ouro que, desde então, floresceu. O próximo uso foi em dezembro de 2020, quando Styles, que foi o único homem a estar na capa da Vogue norte-americana sozinho, usou dois colares da marca na matéria da revista. Um deles era feito de miçangas coloridas e, o outro, de miçangas azuis de vidro.
Desde essa data, Styles apareceu usando mais produtos da Éliou para um dos clipes do seu mais novo álbum chamado Harry’s House (“A casa de Harry”, em tradução livre). Os escolhidos, dessa vez, foram itens de uma coleção limitada que inclui peças feitas à mão.
Amigas há muito tempo, as designers de j0ias Mantilla, nascida nos EUA e de origem cubana, e Teixeira, nascida no Brasil, não esperavam que sua marca se tornasse um fenômeno no Instagram do dia pra noite quando lançaram o empreendimento em 2019.
A missão da Éliou sempre foi produzir moda e joias para todos – com ênfase no “todos”. Elas foram contra os papéis de gênero com desenhos e designs que não fazem distinção de gênero, então fez sentido que Harry Styles ajudasse a levar essa mensagem a outro nível e trouxesse a marca à fama. Styles amplificou a visão delas, que independe de gênero, e a apresentou para um público mundial.
“Sempre reforçamos essa mensagem de que joias são para todos”, diz Teixeira. “Harry Styles usar nossos produtos foi um selo de aprovação. Ele colocou nossas vozes em um pedestal. Nos sentimos vistas e ouvidas.”
A mágica aqui é que esses momentos têm acontecido de maneira totalmente orgânica.
“Nossa história provavelmente remete a uma relação mais antiga do que a da maioria dos parceiros de negócios”, diz Mantilla. “Duda e eu nos conhecemos na primeira série da escola quando tínhamos sete anos e ela tinha acabado de se mudar para os Estados Unidos. Nos tornamos amigas muito próximas no fundamental 2. Encontramos uma conexão na nossa amizade porque sempre nos divertimos com ideias criativas.”
As amigas sempre tiveram jeito para estilo, moda e criação de marca e já tinham testado a vida do empreendedorismo juntas antes. No ensino médio, elas vendiam roupas para suas amigas nos finais de semana – loja que elas chamavam de “O Closet” – e, na faculdade, elas criaram bermudas de estilo gasto que renovavam e vendiam a boutiques em Miami.
Elas decidiram criar joias usando miçangas e conchas – inclusive, o nome original da marca era “Coqui”, que significa concha em francês.
“Eu tinha perdido um brinco no meu primeiro dia de férias que eu tinha acabado de comprar”, contou Mantilla. “Mais tarde naquele mesmo dia, eu estava caminhando na praia quando vi uma concha parecida com a do brinco perdido na areia. Juntei várias conchas e levei-as para casa, esperando conseguir refazer meu brinco. Nós sempre tivemos essas habilidades de fazer trabalhos manuais”. Elas acabaram fazendo mais de 100 versões de réplicas daquele brinco.
Antes mesmo de elas oficialmente lançarem a coleção de joias, tudo ficou esgotado. Amigos, pessoas das suas redes de contato graças à agência que tinham e desconhecidos imediatamente queriam comprar seus produtos feitos de conchar, pérolas e miçangas coloridas.
O sinal que elas precisavam para perseguir a produção de joias como um real empreendimento veio quando a marca ainda era somente uma renda extra: elas receberam um email de compradores do portal Net-A-Porter, que vende as principais marcas da moda.
Foi nesse momento surreal que elas souberam que havia potencial no que estavam fazendo.
“Um dia, antes mesmo de ainda termos um site, recebemos um email da Net-A-Porter perguntando se iríamos expor na Semana de Moda de Paris. Eu comecei a chorar”, disse Mantilla.
Uma das primeiras tarefas do negócio foi mudar o nome da marca.
O primeiro nome no qual pensaram veio do personagem interpretado por Timothée Chalamet no filme “Call me by your name”, Elio, que fez Mantilla e Teixeira decidirem pelo termo “Éliou”.
“Queríamos algo que transmitisse essa lembrança do Mediterrâneo e o sentimento de um verão memorável”, afirmou Mantilla. “O nome da marca nos traz uma vibe de ‘verão eterno'”.
Outro momento de orgulho foi quando Hailey Bieber foi fotografada por um paparazzi usando um dos colares da marca – com o qual Justin Bieber foi depois fotografado.
Mais recentemente, elas expandiram a produção de joias para uma coleção de itens diversos, incluindo roupas, com a mesma diversão, rica paleta de cores e capricho. “Estamos sempre buscando olhar adiante e continuar desenhando novas coisas. Se o que fizemos já foi visto e está inundando o mercado, já estamos pensando nas próximas coisas.”
As mercadorias da Éliou são orgulhosamente produzidas por encomenda e todos na equipe estão envolvidos. A maioria dos seus colaboradores está localizada em Miami e a equipe é composta por 19 fortes mulheres, com exceção do irmão de Mantilla. Elas também são orgulhosas da ampla variedade de idades e planos de fundo das pessoas do time, incluindo a mãe de Duda que fica no Brasil liderando a produção.
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Sustentabilidade é importante para elas e, assim, têm a política de fazerem as peças por encomendas. “Não queremos só produzir as mercadorias, mas sim, deve haver uma intenção por trás delas. Isso foi o que sempre veio naturalmente para nós”. Elas também querem evitar gerar um estoque ou criar resíduos.
Éliou sempre foi sobre arte e cor e, com isso, fez total sentido que elas abrissem uma loja pop-up em Miami Beach – a qual está aberta até dia 8 de janeiro. O “Paradisé Club”, como elas nomearam o pop-up, é um lugar no qual locais e turistas podem encontrar o verão eterno, bem como as joias feitas à mão pela Éliou, roupas da recém lançada coleção da marca, exclusivas peças de jeans renovadas e vasos únicos que são resultado da parceria delas com a marca de vasos Memo Studio.
“Tudo tem sido uma surpresa maravilhosa para nós”, afirma Mantilla. “Nunca pagamos a ninguém para usar nossos produtos. Às vezes você só precisa transformar o que todo mundo está fazendo – e é esse o nosso objetivo”
“Se as pessoas puderem ver a si mesmas na marca, então estamos fazendo a coisa certa. Eu vejo o potencial, até onde a Éliou pode ir e onde queremos que ela chegue. Então sim, esse é só o começo”, finaliza Teixeira.