Historicamente, o conceito de sucesso tem sido ligado a características masculinas. Como resultado disso, quando homens têm sucesso, suas conquistas são normalmente atreladas às suas habilidades inatas, sem qualquer consideração do fator sorte (ou de seus privilégios) – para impulsioná-los na carreira. Por outro lado, as mulheres são vistas mais como passageiras passivas nas suas jornadas de sucesso. Então, pode parecer inesperado quando elas têm sucesso. Como se elas tivessem sido simplesmente “sortudas”.
Uma pesquisa recente da London School of Economics mostrou que as pessoas comumente confundem sorte com habilidade, especialmente variando entre homens e mulheres. Isso tem consequência em como vemos erros no trabalho, pode servir de base para discriminação de gênero e pode contribuir para aumentar a diferença de remuneração entre homens e mulheres.
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O papel da sorte em como vemos erros no trabalho
Ondas de boa sorte são fáceis de se falar, desde conhecer alguém que vai te oferecer seu próximo emprego até prever corretamente uma desaceleração do mercado. Embora o conceito de má sorte seja menos popular, eles não é menos impactante do que seu oposto. Quando homens cometem equívocos no trabalho, eles mais provavelmente serão vistos como azarados. Mas, quando uma mulher comete um erro, ela tem maior probabilidade de ser julgada de uma maneira mais crítica, como falta de habilidade. Assim, homens podem ser desproporcionalmente recompensados pelo que é visto como habilidade deles do que as mulheres, sem pesar nos fatores ocultos que contribuem para o sucesso deles
Ignorar o papel da sorte sistematicamente recompensa o privilégio
Temos a tendência de ignorar a existência da sorte com a crença de que estamos avaliando exclusivamente de acordo com a habilidade das pessoas. Dados mostram que aqueles com poder de recrutar, promover e demitir são propensos a confundir sorte com habilidade quando estão avaliando um talento. Mesmo que isso não seja feito de forma consciente, essa tendência cria um ambiente no qual as pessoas não têm oportunidades ou recompensas porque tiveram uma trajetória menos favorável. Veja, ninguém quer que lhe digam que não merecem o sucesso que tem, mas todos temos a responsabilidade de sermos críticos em como vemos a meritocracia.
Três maneiras de reduzir vieses inconscientes de sorte e habilidade
Habilidade e sorte não são mutuamente exclusivas. Indivíduos podem ser muito habilidosos e incrivelmente sortudos ao mesmo tempo, então um elemento não precisa anular o outro. Líderes podem até ser estratégicos ao reconhecer esse efeito cumulativo entre habilidade e sorte tanto em sucessos quanto em fracassos.
1. Mude a composição da sua equipe
Aumente o número de mulheres em posições que foram historicamente ocupadas por homens. Isso irá ajudar a dissociar papéis de gênero nesses cargos. Por exemplo, mulheres podem ser vistas como CEOs de maneira semelhante como são vistas em outras posições estereotipicamente ocupadas por mulheres. Isso pode servir como uma ferramenta de igualdade entre homens e mulheres e como seus respectivos sucessos e fracassos são percebidos.
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2. Recrute com base em tarefas
Embora as entrevistas sejam ferramentas básicas de recrutamento, é fácil demais deixar sentimentos em relação a como certa pessoa vai se sair no cargo influenciarem a tomada de decisões. Quem tem poder para fazer essas escolhas deve incluir tarefas ou testes relacionados à posição no processo de avaliação. Isso permite que o tomador de decisão veja o quão bom um candidato é em habilidades conectadas ao cargo, ao invés de depender no quão bom eles dizem que são ou nas habilidades que eles aparentam ter.
3. Atribua responsabilidade aos tomadores de decisão
Deve haver vários tomadores de decisão dando diferentes opiniões em processos decisórios importantes, como em recrutamentos e promoções. Cada um deles deve ser responsável pelas suas decisões de recrutamento por meio de justificativas escritas a respeito da seleção.