Grupo exclusivo para executivas é novo benefício corporativo

26 de fevereiro de 2023
Chief

Executivas que se tornam sócias da Chief têm acesso a grupos de mentoria, palestras com grandes personalidades e acesso aos espaços exclusivos do clube

Chief, a rede feminina norte-americana exclusiva para mulheres com cargos a partir de vice-presidente, tem uma lista de espera de 60 mil mulheres. Os grupos de mentoria e workshops online com nomes como a advogada humanitária Amal Clooney, esposa de George Clooney, e Michelle Obama têm um preço anual de US$ 5.800 (R$ 29.767) ou mais. E o acesso às suas “clubhouses”, espaços exclusivos em cidades como São Francisco e Nova York, é ainda mais caro.

Mas agora, a rede de executivas está lançando um novo negócio voltado para clientes corporativos. O que não apenas vai acelerar o processo de análise de membros elegíveis, mas também vai fazer com que as empresas paguem a conta automaticamente.

>> Elas construíram uma startup de networking de US$ 1 bilhão em plena pandemia

Chamado de Chief Enterprise, o novo serviço pode levar a um crescimento substancial na Série B de investimentos na rede – desde que os empregadores não reduzam seus gastos com compromissos de diversidade ou financiamento de iniciativas de liderança em meio a uma crise econômica. Segundo a Chief, as mulheres qualificadas geralmente podem ingressar entre quatro e seis semanas após a inscrição. E muitas das que se inscreveram, mas não foram aceitas, não atendem aos requisitos geográficos ou de senioridade.

Embora algumas empresas já reembolsem executivas por sua participação na Chief, elas normalmente fazem isso de forma reativa e não como iniciativa própria, diz Carolyn Childers, cofundadora e CEO da Chief.

Ao oferecer a rede como um benefício, disse Childers à Forbes, a empresa consegue demonstrar que quer apoiar e investir naquela profissional, em um momento em que as mulheres estão deixando o mercado de trabalho mais do que nunca. “Mais de 90% das mulheres dizem que permaneceriam em uma empresa se investissem nela. Apenas mudar de uma abordagem reativa para uma proativa dá um grande sinal”.

Kirsten Francis

Carolyn Childers e Lindsay Kaplan, fundadoras da Chief

O produto empresarial, lançado em janeiro, foi testado com alguns grandes empregadores, incluindo UnitedHealth Group, Morgan Stanley e IBM. As lideranças femininas que se tornarem sócias por meio de suas empresas terão acesso aos mesmos benefícios que as participantes regulares, que incluem um pequeno grupo que se reúne mensalmente, workshops com nomes de destaque como a filantropa Melinda French Gates, ou a ex-CEO da PepsiCo Indra Nooyi, e acesso a clubes físicos em quatro grandes cidades.

Childers diz que as mulheres não serão colocadas em “peer groups” – grupos de mentoria com mulheres em níveis semelhantes de suas carreiras – com colegas de empresa, a fim de permitir que as mulheres compartilhem abertamente as lutas profissionais e pessoais que enfrentam.

De fato, a rede externa da Chief pode ser mais atraente para as mulheres executivas do que as atuais iniciativas internas de desenvolvimento de liderança, nas quais preocupações ou dificuldades podem chegar aos ouvidos dos altos executivos.

“É realmente difícil falar sobre seus desafios de liderança confidencialmente na empresa”, diz Childers. “É quase impossível realmente sentir que você pode ter aquela conversa autêntica sobre o que você está vivendo.”

As empresas, por sua vez, receberão informações quantitativas sobre o quanto suas líderes estão usando a rede, a capacidade de sugerir atividades da Chief vinculadas aos objetivos da empresa e, eventualmente, a possibilidade de programação personalizada. Para os maiores empregadores, a Chief oferecerá reduções de preços.

A Chief foi lançada em 2019 e mudou seu foco durante a pandemia para se concentrar menos em espaços físicos e tornar sua adesão nacional no início deste ano. Com investimentos da empresa General Catalyst e do fundo Capital G, seu número de integrantes cresceu 100% entre janeiro e dezembro de 2022, mesmo com espaços de coworking fechando suas portas. Uma porta-voz da empresa não quis comentar sobre as finanças da Chief.

Questionada sobre o lançamento de uma oferta corporativa em um momento de desaceleração econômica – que geralmente atinge os orçamentos de treinamento e desenvolvimento de funcionários – Childers sugere que não está preocupada. “Vimos que o investimento continua”, diz ela. “As empresas ainda querem investir em suas lideranças. Mesmo quando eles tiveram que tomar decisões difíceis, na verdade é mais importante do que nunca apoiar aquelas que permanecem enquanto enfrentam desafios adicionais.”

O maior desafio da Chief será garantir que a diversidade que os membros esperam em seus grupos “centrais” permaneça alta, à medida que adiciona, digamos, centenas de novas executivas de uma única empresa. “É nisso que estamos gastando mais tempo”, diz Childers. “É por isso que estamos tentando metodicamente construir a Chief e não apenas abrir para qualquer um.”

Penny Novick, do Morgan Stanley, se tornou integrante há menos de um ano – a empresa patrocinou mais de duas dúzias de mulheres na Chief – e diz que essa é uma das maiores vantagens da rede. Estar em um grupo de pares com pessoas de fora de sua empresa ou setor é “realmente necessário”, diz ela. “Acho que se eu estivesse em um grupo e houvesse outras pessoas que eu conhecesse direta ou indiretamente, provavelmente estaria menos disposta a ser tão aberta.”

Entrar por meio do Morgan Stanley em vez de ter que procurar a adesão por conta própria tem uma boa vantagem, segundo ela, que “é dizer às suas funcionárias ‘aqui está outra maneira em que vamos ajudá-la a investir em si mesma’.”

(traduzido por Fernanda de Almeida)