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O que está igualmente claro é que esse preconceito não afeta todos igualmente, pelo menos em termos de como os outros nos percebem. Por exemplo, um estudo da Universidade de Berkeley-Haas mostra que as avaliações de professores do sexo masculino parecem bastante consistentes à medida que envelhecem, mas esse não é o caso das professoras, cujas avaliações atingem o pico em seus 30 anos. E depois vão para o fundo do poço por volta dos 40 anos.
Profissionais mais velhas são vistas como “menos cordiais”
Se elas não conseguirem exibir essa mistura, muitas vezes podem enfrentar consequências negativas na carreira. Pesquisas da Universidade de Michigan exploram como isso afeta as mulheres e o que elas podem fazer a respeito. Os pesquisadores examinaram vários relatos em primeira pessoa de diretoras do conselho de várias empresas de capital aberto.
Alguns participantes usaram as chamadas táticas baseadas na calorosidade, como perguntar e conectar, para diversificar a conversa, enquanto outros usaram táticas mais baseadas na competência, como afirmar e qualificar para ampliar seu conhecimento sobre a pessoa. Outros ainda usaram uma combinação das duas abordagens.
“Um resultado preocupante do nosso trabalho é que as mulheres nunca podem parar de se adaptar às expectativas em relação ao gênero”, explicam os autores. “Essa realidade pode alimentar a resistência das mulheres em assumir cargos mais altos e explicar os níveis desproporcionais de burnout que as mulheres experimentam por terem que adaptar seu comportamento constantemente. Isso pode se manifestar como uma maior rotatividade entre as mulheres em cargos de liderança e pode sinalizar porque as mulheres estão “desistindo” dessas oportunidades.
Mulheres são julgadas com mais severidade
A equipe de Berkeley-Haas acredita que tradicionalmente vemos o comportamento caloroso como algo que aumenta com a idade, mas suas descobertas mostram que esse não é o caso das mulheres. Embora as mulheres sejam percebidas como mais competentes à medida que envelhecem, elas são vistas como menos calorosas, o que prejudica suas avaliações como um todo.
Isso foi confirmado em um segundo estudo, com homens de meia-idade com classificação mais alta em cordialidade do que homens mais jovens, mas as mulheres de meia-idade não tiveram esse salto.
“Nessas circunstâncias, as mulheres não eram percebidas como menos cordiais em um sentido absoluto, mas ainda assim eram percebidas como menos amigáveis em comparação com os homens”, explicam os pesquisadores. “Portanto, sempre que são justapostas a homens nessa faixa etária, elas ficam em desvantagem.”
“Problemas de personalidade”
Além do mais, à medida que suas avaliações diminuíam, isso coincidia com um aumento nas reclamações sobre a personalidade dos professores. Os resultados destacam as dificuldades que as mulheres enfrentam ao tentar subir na hierarquia, pois sua idade provavelmente trabalhará contra elas: serão percebidas como menos capazes de cumprir os estereótipos de gênero.
“Parece haver algo sobre a própria natureza da progressão na carreira que parece levar as pessoas a perceber as mulheres como menos cordiais e, portanto, menos simpáticas à medida que sua atuação evolui”, explicam os pesquisadores.
Existem desafios sistêmicos a serem superados se as mulheres quiserem progredir nas organizações, especialmente no nível do conselho, onde as expectativas são muitas vezes baseadas no gênero. Afinal, não podemos considerar como solução que elas se esforçar para parecer calorosas e amigáveis à medida que envelhecem, especialmente porque os estudos já mostram que os comportamentos aparentemente aceitáveis são cada vez mais estritos.
“Precisamos criar sistemas e padronização de como discutimos e avaliamos os candidatos”, concluem os pesquisadores, “e excluir o feedback sobre a personalidade ou garantir que seja considerado igualmente para os homens”.
(Texto original publicado pela Forbes USA. Traduzido por Fabiana Corrêa).