Rita Lee havia sido diagnosticada com um tumor no pulmão esquerdo em maio de 2021. Depois de um ano de sessões de imunoterapia e radioterapia, seu filho Beto Lee anunciou em abril de 2022 que ela estava curada. Em fevereiro deste ano, foi internada e saiu do hospital em 4 de março.
A artista, uma das maiores do país, foi destaque da lista 50 Over 50 da Forbes em 2022, que reúne grandes nomes que chegaram à maturidade com mais relevância e influência.
Carreira
Nos últimos dez anos, Rita teve mais de 80% de seus rendimentos em direitos autorais vindos de rádio, TV e shows. Sua última música inédita, “Change”, foi lançada em setembro de 2021, depois de um hiato de nove anos.
Em 2022, o Grammy Latino homenageou a cantora pelo conjunto de sua obra, que tem mais de 30 álbuns solo e com o grupo Os Mutantes, que a alçou ao sucesso e ao status de estrela do rock. Rita foi indicada a sete prêmios da academia e venceu em 2001 na categoria Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa, por “3001”.
Longe dos palcos, ela se dedicou à literatura. Lançou nove livros desde 2016, incluindo histórias infantis e sua autobiografia, que se tornou um best-seller. Em 2017, foi a autora brasileira que mais vendeu livros na categoria não-ficção no país – um total de 98 mil exemplares só naquele ano.
Origem
Filha de imigrantes, com pai americano e mãe italiana, a artista nasceu em São Paulo, em 31 de dezembro de 1947. Começou a tocar piano como uma permuta entre o pai, dentista, e a pianista Magdalena Tagliaferro, e logo mostrou seu talento.
Quando se formou no colégio, tentou ser secretária. Mais tarde, iniciou o curso de comunicação da USP, mas nunca terminou.
Aos 15 anos, começou a tocar bateria e foi backing vocal e integrante de grupos musicais durante a adolescência. Mas seu sucesso começou no grupo Os Mutantes, em 1966, durante o Movimento Tropicalista, ao lado dos irmãos Sérgio Dias e Arnaldo Baptista, com quem se casou. O grupo ganhou notoriedade após acompanhar Gilberto Gil na apresentação de “Domingo no Parque” no 3º Festival de MPB da TV Record, em 1967.
Nesse momento, Rita já vivia um relacionamento com o guitarrista Roberto de Carvalho e, a partir de 1979, os dois começaram a fazer discos e shows juntos. São dessa época os sucessos “Chega Mais”, “Doce Vampiro” e “Mania de Você”, do álbum “Rita Lee”.
Em 1982, é lançado “Rita Lee e Roberto de Carvalho”, mais conhecido como “Flagra”, em que o casal estampa a capa e traz os sucessos “Flagra” e “Cor-de-Rosa Choque”.
Ativismo
Além da causa animal, Rita foi voz ativa para outras questões políticas, especialmente durante a ditadura militar.
Segundo Rita, sua prisão foi um truque do regime, incomodado com uma figura que representava a liberdade feminina em um período de muito conservadorismo. A artista chegou a dizer que preferia um apelido que relembre esse seu papel do que o de “rainha do rock”, como é conhecida por muitos. “Gosto mais de ser chamada de ‘padroeira da liberdade’ do que ‘rainha do rock’, que acho um tanto cafona”, disse em entrevista à revista Rolling Stone Brasil.
Rita revolucionou na música e na política, mas também deixou um legado no mundo da moda. Seus figurinos extravagantes, metalizados e cheios de cores e estampas são sua marca registrada – assim como os cabelos e a franja ruivos e os óculos redondos.
Em meados de 2014 começou a deixar os cabelos brancos e abandonou o icônico visual ruivo. Em entrevista de 2015 disse “Adorei ter sido ruiva, mas encheu o saco”. No ano seguinte, lançou sua autobiografia.