Ainda assim, desde o início da parceria, em outubro de 2021, a Azul registrou um crescimento de 369% no faturamento de pacotes para a Disney, além de um aumento de 227% nas reservas, segundo a própria companhia aérea. “A América Latina teve uma retomada incrível. O Brasil está um pouco atrás de outros mercados, com todos esses fatores impactando o turismo”, diz Cinthia, acrescentando que a América Latina, e o Brasil em especial, têm sido importantes para a empresa historicamente. “Continuamos priorizando esse mercado, investindo em fortes iniciativas de marketing e vendas e adicionando membros à equipe.”
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O projeto começou a ser idealizado em 2019 e atravessou a pandemia, quando os parques ficaram fechados por meses e foram reabertos com uma série de cuidados e estudos próprios sobre saúde e segurança. “Pensamos em como levar um pouco da magia Disney para as pessoas de maneira virtual.”
Na Disney há 11 anos, Cinthia passou por diversas áreas até chegar à atual, à frente de todas as vendas e do marketing para o consumidor e trade na região. “Trabalhar com o Brasil e a América Latina me leva um pouco mais para perto de casa e da minha família.”
A executiva viaja a região todos os anos levando um show Disney pelos diferentes países. “Em abril e maio visitamos nove cidades do México, Colômbia, Argentina, Peru, Chile e Brasil”, diz. Os chamados “road shows” são produções teatrais que simulam as experiências dos parques e cruzeiros Disney para os agentes de viagens. “Talvez eles não consigam visitar cada destino, então nosso time pensou numa ideia divertida de aproximar o produto desse público.”
Busca intencional pela liderança
Ainda na faculdade, equilibrava as aulas com o estágio não-remunerado em uma agência de publicidade e um trabalho extra para pagar as contas. Mais tarde, trabalhou na área de marketing de eventos da rede de hotéis Marriott.
Visitando os parques pela primeira vez, depois de ouvir tanto sua irmã falando sobre a Disney, Cinthia se lembra de ter dito à sua mãe que trabalharia lá.
E, de fato, ser intencional em relação à sua ambição – influenciada pelo livro “A Força da Intenção”, que ganhou da mãe na adolescência – foi o que acabou levando a executiva à empresa. “Uma colega de trabalho do Marriott que foi trabalhar na Disney lembrou de mim para uma vaga e foi aí que tudo começou.”
Desconforto faz parte da carreira
Subir na carreira não foi algo que a executiva buscou apenas pela satisfação pessoal, mas também para conquistar melhores condições para a família. “Meu primeiro filho veio no começo das carreiras minha e do meu marido”, lembra. Eles dividiam todas as tarefas até que Cinthia assumiu uma posição que exigia que ela viajasse, e o marido ficou com o bebê. “Queria crescer para conseguir um auxílio em alguns pontos da minha vida, porque aqui não é comum nem acessível contratar uma babá, por exemplo.”
Hoje, aos 41 anos, ela consegue equilibrar melhor trabalho e família e até mesmo encurtar algumas viagens corporativas para participar de eventos dos filhos e outros momentos importantes. “Faço escolhas no curto prazo para conseguir fazer o que é essencial tanto para a família quanto para o trabalho.”
Abrir mão de algumas coisas e encarar o desconforto fizeram parte da sua trajetória e são algumas das dicas da executiva, além de focar nos estudos, para chegar aonde se quer. “Às vezes a gente tem que ceder, deixar certas coisas para trás, mudar de cidade para conseguir um cargo maior”, diz a brasileira, que realmente viveu isso: saiu de São José dos Campos e chegou à liderança de uma multinacional como a Disney.
A jornada de Cinthia Douglas
Primeiro cargo de liderança
Turning point da carreira
“Concluir o MBA foi um turning point para mim porque melhorei meu pensamento crítico. As aulas de finanças e economia foram um bom complemento para o currículo de publicidade, relações públicas e psicologia que eu já havia estudado. Eu sabia que fazer um MBA era fundamental para o meu crescimento, mas tinha medo de voltar a estudar já adulta. Tinha um filho de três anos na época e estava preocupada em como seria uma mãe e esposa presente, completaria um programa de estudos rigoroso e trabalharia em tempo integral. Aprendi a administrar o tempo como nunca. Separei meu dia em horas de trabalho, horas de mãe e esposa e horas de estudo, depois que meu filho ia dormir. Foi difícil? Absolutamente. Tive que sacrificar algumas coisas? Sim – por exemplo, não assisti a TV e filmes por quase dois anos, não tive muito tempo livre e até usei meu horário de almoço no trabalho para ler livros do curso. Não foi fácil, mas fiz de uma forma que me trouxe tranquilidade ao priorizar o que era importante para mim.”
Quem me ajudou
“Tive vários líderes que me ajudaram ao longo da minha carreira. Levei muito tempo para perceber que eu era o denominador comum. Eu era (e às vezes ainda sou) muito dura comigo mesma. Quero dar o meu melhor para aqueles ao meu redor o tempo todo. Quando algo dá errado, imediatamente começo a pensar no que poderia fazer melhor. Tive líderes incríveis que viram meu potencial e investiram em mim. Eles me deram oportunidades de aumentar minha experiência de liderança e sou muito grata a isso.”
O que ainda quero fazer
“Quero continuar crescendo, em conhecimento e experiência. Eu penso muito em mim no futuro como uma velhinha, eu vou olhar para trás e me sentir orgulhosa de quê? Tenho um forte desejo de “retribuir” à minha equipe, minha comunidade e ajudar outras pessoas a alcançarem seus objetivos.”
Causas que abraço
Minha formação
Bacharel em Publicidade e Relações Públicas, Bacharel em Psicologia – ambos pela University of Central Florida. Mestrado em Administração de Empresas pela Stetson University e certificado em Diversidade e Inclusão pela Cornell University.