O “trabalho doméstico de escritório” inclui todas as tarefas administrativas e subvalorizadas necessárias para manter o lugar funcionando – e que obviamente consomem tempo e energia. Diversos estudos mostram que as mulheres mais são solicitadas a fazer esse tipo de serviço do que homens brancos. Na média, 30% mais vezes, de acordo com um estudo norte-americano do Center for WorkLife Law junto da Society of Women Engineers – organizações que estudam o equilíbrio da vida pessoal com o trabalho e a equidade de gênero na engenharia, respectivamente.
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Para estabelecer que as mulheres não se voluntariam porque gostam dessas tarefas ou se destacam nelas, um grupo de pesquisadores norte-americanos estudou grupos de participantes observando grupos online. Foi dito a esses participantes que cada um receberia US$ 1 por sua participação, com uma condição. Se um dos três participantes clicasse em um botão na tela do computador, essa pessoa receberia US$ 1,25, e os outros dois receberiam US$ 2.
As mulheres tinham 48% mais chances do que os homens de se voluntariar para pressionar o botão. Em outras palavras, as mulheres aceitaram uma desvantagem para que todos se beneficiassem. Não havia habilidade envolvida em pressionar o botão, e as mulheres não tinham nenhum interesse especial em pressionar botões. O estudo eliminou essas possibilidades.
Os pesquisadores repetiram o mesmo estudo com uma diferença: usaram grupos compostos por três homens ou três mulheres. Nos grupos do mesmo sexo, as diferenças de gênero desapareceram, e as mulheres não tiveram maior probabilidade de se voluntariar para pressionar o botão do que os homens. No grupo de sexo misto, os homens se seguraram em se voluntariar, e as mulheres perceberam que precisavam se voluntariar para garantir que a tarefa fosse concluída. “As mulheres percebem que, quando os homens estão presentes, espera-se que as mulheres façam o necessário para melhorar a situação para todos”, escrevem os autores. Em grupos compostos apenas por homens, os homens percebem que precisam assumir a responsabilidade.
Como evitar ficar presa com o “trabalho doméstico” no escritório
Como observaram a ex-diretora de operações do Facebook, Sheryl Sandberg, e o psicólogo organizacional Adam Grant em um artigo sobre o trabalho doméstico de escritório, “Um homem que não ajuda está ‘ocupado’. Uma mulher que não ajuda é ‘egoísta'”. Felizmente, existem estratégias que as mulheres podem adotar para ajudar a reduzir o fardo do trabalho doméstico de escritório.
Em seu novo livro “Glass Walls: Shattering The Six Gender Bias Barriers Still Holding Women Back At Work”, as autoras Amy Diehl e Leanne Dzubinski descrevem estratégias que as mulheres podem adotar para superar muitos problemas relacionados ao gênero no trabalho.
Em relação ao tal do trabalho doméstico de escritório, a dupla recomenda que, se alguém lhe pedir para se voluntariar, sugira uma política que envolva revezamento. Por exemplo, você pode dizer: “Eu fiz as anotações da última reunião, você poderia fazer desta vez?” Ou “Eu vou limpar a geladeira esta semana, mas vamos criar um rodízio de limpeza para o futuro”.
Em algumas empresas, os funcionários são solicitados a realizar uma autoavaliação para o feedback anual. Nesse caso, as autoras recomendam destacar suas responsabilidades de trabalho doméstico de escritório e descrever seu valor na manutenção do bom funcionamento da organização.
Aliados masculinos que testemunham mulheres realizando uma quantidade desproporcional desse tipo de tarefa também têm o dever de intervir. Diehl e Dzubinski recomendam que esses aliados não apenas ofereçam ajuda, mas também procurem a liderança organizacional para expressar suas preocupações sobre a divisão de tarefas que não levam a promoções, por exemplo. Uma vantagem adicional de os homens ajudarem no trabalho doméstico de escritório é que, quanto mais homens forem vistos realizando essas tarefas, menos essas responsabilidades serão associadas estereotipicamente às suas colegas.
* Kim Elsesser é colaboradora sênior da Forbes USA. Ela é especialista em vieses inconscientes de gênero e professora de gênero na UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles).